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quinta-feira, 7 de julho de 2016



A ilusão da política e da economia

Criou-se o hábito de procurar soluções políticas e económicas para a maioria dos nossos problemas e não se vê que esse é um dos nossos maiores problemas. 
Porque a raiz dos nossos problemas, a começar pela questão milenar do sofrimento e da insatisfação, tem a ver com a percepção do mundo e logo com o estado da mente ou da consciência. Ou seja, com uma dimensão do humano e da sua relação com a realidade da qual a política e a economia não se ocupam e sobre a qual só muito exterior e indirectamente influem. 
Porque em geral as preocupações políticas e económicas vêm da incapacidade de ver que os problemas que a política e a economia tentam resolver têm a sua origem a montante, numa dimensão da interioridade humana a que políticos e economistas por norma são alheios. 
Nesse sentido, pode dizer-se que o centramento na política e na economia, e a expectativa de que, sem estarem ao serviço de uma visão mais ampla, possam mudar efectivamente o mundo, tende a convertê-las, sejam de esquerda ou direita ou nem uma coisa nem outra, em forças de bloqueio e oposição à real evolução da humanidade, que exige uma transformação profunda do regime de consciência e de percepção do mundo. 
Ao canalizar as energias da humanidade e a aspiração a uma mudança profunda para a gestão da ordem do mundo ou para reformas sempre parciais e superficiais, resultantes do desejo de administrar os egoísmos individuais e colectivos, procurando consensos, a política e a economia, sejam de esquerda ou direita ou nem uma coisa nem outra, tendem a ser sempre conservadoras e reaccionárias. E, acima de tudo, uma grande ilusão, apenas atraente para mentes imaturas.


Paulo Borges

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