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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Conto de Natal – Jorge Fernandes






Conto de Natal – Jorge Fernandes






Hoje levantei-me mais tarde.
Não fiz a barba; saudei o Sol e agradeci aos meus órgãos internos por manterem este corpo vivo.
Bebi um chá e saí com o meu cocker. Fomos passear num local longe do trânsito. Guiei-o pela trela porque ele não vê, e ambos formos absorvendo o Tao; como ele se manifesta em múltiplos sons.
Ouvi a água a correr, o assobiar do vento nas folhas das árvores. Ao longe o ladrar de um cão misturado com o cacarejar das galinhas, mais perto de nós uma melodiosa canção dos passarinhos.
Vi no céu azul o desenho que as pombas combinaram num circulo perfeito. Um rebanho de ovelhas manifestava-se em desafio num prado verde.
Neste espaço harmonioso corriam de vez em quando alguns atletas sem fazer qualquer estrago.
Escutei demoradamente esta orquestra da natureza, grato por também meus pensamentos participarem da música. Surgiu então um som moderno - sem vida própria, uma mensagem do telemóvel que lembrava que o natal é quando um homem quiser. Verdade, pensei eu! Para os outros seres é todos os dias, disse-me o Putchi calado.

De regresso à agitação normal do Natal, trouxe no ouvido a voz rouca de Joe Cocker a dizer que continua vivo.



Jorge Fernandes



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