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terça-feira, 29 de julho de 2014

Âncoras




Num sereno passeio à beira-mar reparei numa âncora sem cor, quase escondida pela areia, desfasada do seu habitat. Sentei-me a seu lado e fui ouvindo as suas glórias e venturas:

- Firmo as naus nas tempestades, quando as ondas alterosas abalroam
Sou guia, fio de vida, aos que vêm explorar as maravilhas do mar
Uma âncora sustém e alivia, no tempo de faina refreamos o vento
Por vezes, e no oceano esquecidas, somos o colo da jazida de coral
Outras tantas, somos farol sem luz dos horizontes perdidos dos navegantes
Uma âncora não prende, eleva-se e flutua, imprime destino aos ciclos do tempo
Âncora é minério, pelo fogo transformado em abraço, fusão, mas sempre em libertação dos sedimentos em transmutação dos argonautas que se regem pelo coração
Âncora somos todos e cada um, que por entre a tormenta, laçamos estrelas, ancoramos o Céu



Maria Adelina


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