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domingo, 4 de maio de 2014

Carta a um ET que conheci








Carta a um ET que conheci :











Querido ET

A toda a hora se pode ver nos jornais que estamos no mês de Abril e no ano 2014. Tu e eu, sabemos que não. Quando há muitos anos me confidenciaste que o mundo acabaria no ano 2000, fiquei assustada. Contei à família mas não valorizaram e disseram que “o que tu estiveste foi a sonhar, amanhã já nem te lembras”. Não falei a mais ninguém. Nesse dia 31 de Dezembro levantei o dinheirinho do Banco, fiz uma jantarada com amigos e amigas, ofereci presentes à miudagem e deixei todas as luzes acesas (afinal não ia pagar a electricidade). Ao sair do prédio deitei a língua de fora àquele meu vizinho psicopata e ele nem reagiu. Ah a surpresa petrificou-o e pela primeira vez não foi a correr de braços no ar a enxotar as pombas . Também pedi desculpa ao Zé por um dia lhe ter dado uma bofetada (fi-lo só para mostrar às colegas que era capaz), mas o Zé não me tinha feito nada. Passei pela porta da igreja e benzi-me ( como estas coisas não custam nada, e nunca se sabe...). E entrou, como tu disseste, o ano 2000.
Nesse instante o mundo acabou. Pouca gente se apercebeu porque não apareceram coisas a voar, nem ventania ou trovoada. A lua estranhamente ficou quieta (pensei que ela iria cair). Um cão ladrou (mas os outros não). Contudo, muitas urgências dos hospitais já desapareceram, também maternidades, postos de correio e escolas foram desactivados... Acontecem coisas malucas como pessoas que trabalharam um ano receberem mais de reforma do que as que trabalharam 40 anos. Outros enriquecem de repente e dizem que não. Quem rouba um pacote de bolachas vai preso mas quem rouba toda uma comunidade vai de férias. Alguns até têm direito a avião particular e lençóis de seda. Estudantes que não estudam, passam de ano e até batem nos professores...Pessoas bem vestidas que vêm à televisão enganar outras pessoas. E o povo acha normal…
Querido ET, eu pensei que acabar o mundo ia doer, mas tanto não!
Se passares por perto, vem recolher-me na tua nave e leva-me contigo. Mas não passes pelas SCUTS porque já se paga. E não estaciones ali no fundo da rua porque o carjaking é quase diário.
Não sei se entendes, mas isto aqui já não existe, é tudo “de mentirinha” . O povo morreu e não sabe.
Aterra aqui no jardim do condomínio amanhã pelas 20h. Ninguém te verá, os adultos estarão tomando o ópio das notícias frente à televisão. As crianças agarradas aos telemóveis e Ipads , metidas nos seus quartos, afastadas da família, não irão dar por nada. E se alguém andar ca fora a passear o cão , pensará que está a alienar com tanta carga na psi por causa da crise.
Vem tranquilo. Faz um pisca de luzes azuis para eu saber quando chegas.

Entretanto recebe o meu abraço

Manu ( Manuela Graça)





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