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terça-feira, 31 de outubro de 2017

SAUDADE DO MEU PAÍS!





Era um tarde de um dia de semana. No meu escritório de um 7º andar de uma das ruas mais movimentadas do Porto, aguardava pelas 15h00 enquanto trabalhava, sentindo uma expectativa crescente sobre o que iria acontecer: irão as pessoas aderir? Uns minutos antes daquela hora parei de teclar e dirigi-me ao terraço fantástico que ficava nas alturas, de onde avistava uma paisagem que se prolongava no olhar por terras vizinhas. Mas logo ali, debaixo e bem mais perto do meu olhar, estava a Rua Fernandes Tomás, na sua azáfama e frenesim habitual, de pessoas e carros, cujo movimento era ritmado pelas buzinas e palavrões dos mais impacientes. Irão parar?
Às 15h00 em ponto os carros, um a um começaram a parar na rua. Os seus condutores abriram as portas e puseram-se ao seu lado, numa atitude de respeito e de introspecção, como se depreendia do seu queixo apontado ao chão. Pelos passeios, uma amoldura de pessoas apressadas, que subitamente suspendeu o próximo passo e se quedou no passeio, com o queixo apontado na mesma direcção. Foram 3 minutos em que não se ouviram buzinadelas, nem o tão afamado calão portuense, vindo de alguma garganta apressada e mais distraída, alheada do que ali se passava. Este cenário repetiu-se por todo o país durante 3 minutos, durante os quais os Portugueses mostraram a sua solidariedade com o Povo irmão de Timor, que era massacrado nos écrans das nossas televisões e dava os últimos Gritos de Ipiranga, para alcançar a tão desejada liberdade e independência.
Hoje pergunto com saudade: para onde foi este meu País? Para onde foi o país dos destemidos e inconformados marinheiros, Infantes, povo incógnito, que encheu caravelas? Terá zarpado com os portugueses que emigraram, inconformados com o país que não lhes proporciona trabalho com salário digno? Serão esses que ainda carregam o gene do inconformismo e da luta destemida, aventurando-se por mares e terras desconhecidas, à procura do pão que o seu país lhes nega?
Em Espanha morreram cerca de 40 pessoas num incêndio, na mesma altura em que por cá se ultrapassava a fasquia da centena. Lá saíram logo à rua, sem esperarem pelas redes sociais, e nas ruas ficou bem claro que não iriam tolerar outro desastre igual. Na Islândia um Povo cercou durante três dias o parlamento com panelas, até o governo que queria assumir os prejuízos dos bancos se demitir. Por cá “tá-se bem!”. Morrem compatriotas nossos numa estrada, que podia ser a estrada de um passeio de fim-de-semana de qualquer um de nós, e continua-se com a vidinha do costume! Lá se faz uma chamada de valor acrescentado, vamos a um concerto para festejar a tragédia, aliviamos a consciência e “tá-se bem!”.
No dia a seguir continuamos a ver o autocarro povoado de autómatos com fones nos ouvidos, a ver um país que não exercita os neurónios, porque pensa pelos comentadores de serviço, sobrevivendo na vidinha do dia-a-dia, aliados do sofrimento das imagens dos rostos que nos entram na sala pela televisão, que perderam tudo, levado pelo fogo. Até o Pinhal do Rei não escapou desta vez!

E dou por mim a pensar: que saudades do meu país que ficou algures perdido naqueles três minutos, de uma tarde longínqua! A minha esperança é que um dia destes o encontre ao virar da esquina e lhe diga com a saudade que um velho amigo nos faz sentir: já fazias falta! Ainda bem que voltaste!


Marta Sobral



sábado, 21 de outubro de 2017

Efectivamente, as Trevas insinuam-se na nossa consciência...mas...



Li, com muito interesse, o artigo intitulado "As Manobras das Trevas", publicado no "Ponte de Palavras, no dia 17 de Outubro, da autoria de Carlos Paula.
As Trevas fazem parte dos nossos dias sejam eles luminosos ou cinzentos; formam-se, alastram e instalam-se nas nossas vidas, silenciosa e sorrateiramente. São como uma espécie de bruma mas que não se dissipa; são uma espécie de limbo que nos incapacita e nos refreia a acção.
As Trevas estão à vista de todos, mas os nossos olhos, cegos, não enxergam que a realidade, a verdadeira, é constantemente deturpada pelos meios de comunicação social que, ao invés de formarem, informam através de comportamentos totalmente distorcidos e apelativos da comiseração barata.
As Trevas chamam-se:
Impunidade
Corrupção
Pedofilia.
Comportamentos aditivos
Formatação
Trump
Vaticano
Myanmar
Síria
Panamá
Catalunha
Desastres "naturais"
E tantos, tantos, tantos outros impossíveis de enumerar neste meu humilde pensamento.
Assistimos, a partir do conforto do nosso sofá, ao sofrimento dos que nada têm e que são transformados na própria metáfora do sofrimento.
Somos invadidos pelo poder instalado, pela robotização, pelo medo do julgamento alheio no que diz respeito aos nossos actos e pensamentos.
O totalitarismo não é apenas político. O totalitarismo é também aquilo que resulta dos ditames da sociedade; é também aquilo que resulta do julgamento gratuito; é o que resulta da "matriz" que nos fazem crer que não existe. E perante tudo isto, julgamos-nos estúpidos e incapazes de formular raciocínios. 
Os tempos atuais são totalitários porque nos impõem modas que nada têm a ver connosco e manietam o nosso pensamento.
Não somos livres.
Assistimos confortavelmente a uma peça de teatro onde aos jovens não é dada a verdadeira possibilidade de decidirem sobre o seu futuro; é-lhes retirada a imaginação para serem metidos na forma que pais, professores, cães, gatos e por ai fora compraram para os moldarem. Estamos perante jovens desiludidos e que vivem segundo as frustrações paternas.
Tempos tristes!
As Trevas existem e estão à vista dos nossos olhos. Caminhamos inexoravelmente para o abismo e as Trevas lá estarão para nos receberem.
Efectivamente, as Trevas insinuam-se conscientemente na nossa consciência e está em nós bani-las, não por intermédio de entidades exteriores, mas através do que de melhor há em nós que é o nosso amor e o nosso aprimoramento em tudo quanto nos é dado executar, no SERVIÇO que temos a obrigação de prestar.
Não há mezinhas milagrosas.

O milagre somos nós!!!

Elis Pinho


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

“Por quién doblan las campanas” (Por quem os sinos dobram)



Segundo Hemingway no seu livro com o mesmo nome, dobram por todos nós, porque quando morre alguém nós também morremos um pouco.

Sempre que se fractura um ser humano, um país, é uma agressão a todos nós, mais ainda aqueles a quem nos ligam filamentos genéticos bem antigos, mas vivos.

Tenhamos reflexão, porque os medos instalam-se e abrem brechas mais e mais profundas o que leva no melhor dos casos à instabilidade social e aos buracos deletérios por onde entram as influências maléficas cujo intento é como já sabemos a destruição maciça da humanidade a começar pela instituição da Família.

Assim sentimos hoje a Espanha, fracturada! Sem lucidez e sem remorso, os instigadores da fractura,  atiram agora hipócritas coroas de temperança num plano totalmente forjado até ao presente, e ao que virá. O que está na causa (oculta) não é o nascimento de um novo país,  a Catalunha, é mais que isso, é inquietantemente mais que isso!

Como tantas outras terríveis situações que grassam no mundo e se infiltram rapidamente em Portugal, basta apenas soprar o pó e deparamos de imediato com a força fomentadora do acontecido em Espanha.

Também aqui a força por detrás do “testa de ferro”  é o Lobby Gay, o mesmo que entre muitas outras gravíssimas acções, brinda o mundo com os aberrantes desfiles Gay, onde insultam e troçam de todos os mais fundamentais valores da nossa civilização e sociedade.

La Generalitat de Cataluña, ou seja o Governo da Catalunha dá-se ao luxo de participar nas festas do Lobby Gay e fazer estas afirmações…


Por favor despertem, que o plano é global…

A.



terça-feira, 10 de outubro de 2017

“A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”


Esta frase do Mestre Jesus é proverbial para o “momentum” actual. Por tantos esquecida e para outros tantos (especialmente os mais jovens) desconhecida, deve ser um alerta para todos aqueles que se maquilham com as cores de teorias espirituais.
Duas leis se atropelam constantemente, por um lado absorvem massivamente conhecimentos descontextualizados recortados dos ensinamentos sagrados conforme o fim para que os usam.
Por outro lado, e maioritariamente, desrespeitam em duplicado essas mesmas leis cósmicas, porque tendo sido agraciados com o conhecimento delas, não as colocam na prática das suas vidas.
Destas posturas, os exemplos e os resultados, tornam-se a face visível de expressões de vida em sofrimentos e desarmonias de toda ordem, numa permanente repetição de padrões.
Quando confrontado com a armadilha que era a pergunta que lhe colocaram, Jesus respondeu: “hipócritas, dai a César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus”
- Nunca como hoje os seres humanos fizeram uso da insegurança individual e do vazio espiritual dos outros, para daí retirar dividendos materiais e energéticos. Misturaram-se os caminhos da assistencialidade com práticas terapêuticas, geram confusão entre curador e curandeiro, promovem-se em organizado marketing a ilusão da manipulação da essência de cada um, pela via da compra de um certificado espiritual. Profissionalizaram-se respeitadas correntes religiosas e filosóficas cuja imagem hoje se confunde com uma montra de supermercado.
E o teste Cósmico continua, repete-se vezes sem conta nas mais variadas facetas do dia-a-dia de cada um, a cada acção… Quando tudo podia e devia, ser tão mais fácil, fluido, no amor fraterno, solidário, do Cristo em cada um de nós.
O enunciado é: em que grau está o teu egocentrismo? … mas também lembra, amorosa e constantemente, que a escolha, a opção pela via do sofrimento é individual, e um direito sempre presente…

Maria Adelina


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Já não há heróis?




Nota : este simples texto é uma homenagem a todas estas mulheres e seus filhos, as que conheço e as que desconheço, entre as quais a minha filha e também o meu neto que do alto dos seus 4 anos plenos de maturidade e coragem me dizia aquando da sua chegada à Alemanha em 2014:
“sabes avó só não gosto muito de estar na Alemanha porque eles aqui falam alemão…mas eu aprendo avó, eu aprendo!” Setembro de 2014



Passados 3 anos, agora com sete anos de idade, este meu herói com óptimo aproveitamento na área escolar é ainda contemplado  com um louvor pela excelente prática do idioma alemão (não sendo este o seu idioma materno).

 “Já não há heróis”, é o título de uma interessante canção já com alguns anos mas que representa bem o ciclo temporal que estamos a vivenciar.
No entanto, e talvez como sinal da mudança, tenho-me deparado ultimamente com muitos heróis ou melhor dito heroínas.
Dentro de um alargado círculo de amizades são vários os casos dos novos navegadores que no feminino, reabilitam a coragem de um povo esquecido da sua glória, perdida nas ufanas crises desfraldadas pela vilania e desresponsabilização daqueles a quem outorgamos o poder de nos “governar”.
Maioritariamente apenas acompanhadas pelos filhos abraçam lá fora, a esperança da conquista daquilo que deveria ser um direito natural no seu país, trabalho, segurança, saúde, educação.
Já são tantas, que simbolizadas por notas, poderíamos compor muitas canções; a das heroínas - mulheres portuguesas - jovens com formação - cujo medo, como que por alquimia se transforma na confiança que transmitem aos filhos para que estes não se sintam estrangeiros longe do seu país.
A raça destas mulheres é aquela que dará frutos para estruturar um novo mundo no seio doutras culturas que as acolhem, e realçam as capacidades e o proveito.
Heróis? Sim existem! São mulheres lusitanas as heroínas do agora.

Maria Adelina