De
não sei que mar, chegou uma onda de rejeição ao turismo que se estende por
vários países europeus. Pergunto-me que critérios fomentam esta estranha
aversão ao turismo e aos turistas obviamente, e a conclusão é algo complexa mas
da qual podemos retirar grandes e proveitosas ilações, e lições práticas, para
um renascimento da sociedade e do mundo.
Façamos
então uma introspecção “naif” , cuja aspiração é apenas dar um “toque de
alvorada” de honesta reflexão sobre a nossa responsabilidade individual como
usuários/consumidores e a daqueles que promovem/licenciam este estado de coisas.
“Turista” é o que
vai fazer a um país, cidade, lugar, aquilo que normalmente não faz no seu, seja
o bom, seja o mau, está de passagem e como tal sente-se desresponsabilizado.
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O turismo “pé rapado” de moral e civismo que invade cidades costeiras no Verão, suja, conspurca,
embebeda-se, faz desacatos dia e noite causando problemas aos residentes
habituais. Lembremos que residentes, são famílias, crianças, que são expostas a
estes comportamentos e os vão assimilando, por um suposto benefício de
desenvolvimento económico que como sabemos nunca chega a eles…
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O turismo endinheirado que se desloca para os mais exóticos lugares do mundo e
cujos divertimentos são os safaris de caça, a pesca desportiva, o turismo
sexual e outros, com níveis variados de gravidade e ofensa à poluição dos mares
com os combustíveis e dejectos dos barcos, ao habitat dos animais em África
cujo stress (quando não mortandade) é notório nestas reservas “turísticas” e o
mais aberrante, o da compra de seres humanos (muitas crianças ainda) para
satisfação da monstruosa perversidade de que são feitos estes “turistas”
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Pelo turismo são as corridas aéreas tipo” Red Bull Air Race” com a sua
tremenda poluição do ar, sonora, e circulação nas cidades. Sabem o custo deste
evento? Seis milhões de euros, exacto leu bem…num país tão carenciado como
Portugal por exemplo, sabe o quanto se podia fazer com este valor? Ou os Rali
Dakar, será possível imaginar os danos ecológicos e da preservação e respeito
pelas culturas nativas por onde circulam estes amantes da adrenalina? Com que
fim? Que querem provar?
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Pelo turismo se promovem a tortura de touros numa arena – as lutas de animais –
e as lutas de homens como no boxe onde se expõe a mais profunda bestialidade a
que chamam “desporto”.
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Pelo turismo se conspurcam áreas naturais, reservas, para a construção dos “coliseus
do agora” os mega recintos onde a música com frequências Hz muito além do
aceitável para o cérebro humano provocam a alienação de milhões de jovens.
Outros
exemplos de trazer por casa…
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Turistas são os milhares de pessoas, essencialmente jovens, que invadem as
cidades (o Porto concretamente) à noite, principalmente aos fins-de-semana onde
o centro das mesmas se tornaram antros de “diversão”… zonas históricas, prédios
antigos, ruas tradicionais, moradores de longa data, mas, maioritariamente
famílias de parcos recursos, humildes, trabalhadores, que viram a sua vida
perturbada pela invasão dos bares, dos pub`s, das discotecas, das tascas, onde
circula a alienação pelo álcool, pela droga, pela prostituição…e pelo ruído
contínuo, que impede o essencial descanso nocturno. Incapazes de fazerem valer
os seus mais básicos direitos, sabe quantas famílias, casais idosos, foram
forçados a mudar de casa? Muitos…mas uma só seria demais…
Cada
uma das situações exemplificadas rege-se pela norma mais básica da oferta e da
procura, tantos e aberrantes comportamentos só existem porque a procura
fomentou a oferta, e a procura é a massa humana a que todos pertencemos,
directa ou indirectamente pensemos na nossa co-responsabilidade na existência e
permanência destas situações, porque meus amigos omissão, silenciar, é permitir
é concordar!
Somos
nós os responsáveis pelo que os políticos criam e fomentam! Somos responsáveis
ao omitirmo-nos dos nossos deveres cívicos, sociais, como por exemplo organizar
comissões de moradores, de pais, de cidadãos, unidos em número suficiente para
fazermos ouvir a nossa voz e dizer NÃO!
Somos
responsáveis pela permissão dentro dos nossos lares da alienação via televisão,
os programas de futebol que ocupam os canais em simultâneo em horários nobres e
por tantos outros programas cujos conteúdos estão a fazer regredir a razão, o
humanismo, a empatia, na raça que nos foi dada como meio evolutivo.
A
melhor prova de tudo isto é que como “turistas cósmicos” que todos somos, em
poucos séculos destruímos o nosso planeta/mãe, a Terra que agora se prepara
para nos expulsar.
Por
favor…vamos limpar as lentes, porque o reflexo do que vemos é um espelho.
Haja lucidez, auto - honestidade, e acção, que o tempo esgota-se…
Maria
Adelina