A falácia do
Individualismo
Uma das vertentes
deste conceito, é a força, a intenção e a vontade que cada Ser
coloca nas suas ideias, desejos e sonhos.
Cada um de nós tem um
caminho, e cada légua percorrida é individual e única. A outra vertente, é o sentido
de missão que também todos nós temos, e cuja finalidade maior é a
integração plena com o Todo, em especial com os outros Seres com quem
convivemos diariamente.
De uma forma mais lenta
ou mais rápida, mais ou menos satisfatória, vamos construindo a nossa
plataforma de vida, vamos realizando a nossa Proéxis (Programação Existencial), excepto, e na maioria dos casos,
numa faceta, que é a interacção com os outros.
Por séculos, os núcleos
familiares mantiveram-se coesos, fomentando e permitindo a mais difícil de
todas as nossas vivências…a comunhão, a partilha directa e constante com o
nosso grupo cármico. Nessa vivência, em meio de harmonia ou de grandes
desarmonias, aprendia-se, partilhava-se alegria e dor, equilibravam – se os carmas.
No último século,
enquanto as condições de vida material evoluíam em algumas classes sociais,
o poder económico estimulou um individualismo egóico que eu apelidaria de “a
grande fuga “.
Depois, e com o
crescendo da “civilização” os núcleos dispersaram, umas vezes por necessidade óbvia
devido ao emprego ou ao estudo, a maior parte das vezes, na busca de um
conforto chamado privacidade. Esta situação causou, e causa, desajustes profundos
em várias vertentes.
Em cem anos provocamos
mais estragos e desgaste no planeta que em séculos de existência. A relação
disto com o tema é de fácil percepção, no nosso viver individualizado
esbanjamos os meios básicos de sobrevivência. Aguçamos o apetite dos
manipuladores comerciais, principalmente na área da habitação. Calculam quantos
milhões de casas existem no mundo desabitadas ou subaproveitadas? Quantas
toneladas de betão ocupam ingloriamente o espaço das árvores abatidas, dos ecossistemas
destruídos? E isto é apenas a ponta do iceberg do incalculável desperdício e
dano causado ao planeta.
No entanto meus amigos,
quero focar um ponto que é mais grave que o anterior, que é o desperdício das
oportunidades da vida em coexistência.
Na ânsia profunda por
um estilo de vida pessoal e privado, fugimos literalmente há mais importante
faceta da nossa missão de vida.
Respeitando a liberdade
de escolha, mas sempre achei que a vida dos ascetas era muito
facilitada…integrar-nos apenas no que nos dá prazer, que não nos contradiz, que
não nos exige partilha, paciência ou cedência, é realmente uma forma fácil de
vivenciar a existência.
Viver a nossa missão de
vida na sua plenitude, que é assimilar o outro em nós, não será a mais fácil, mas é de certeza a mais proveitosa.
Sei o que muitos
pensarão ao ler estas palavras…mas então, vivendo com os pais, com a família,
como podemos ter privacidade, como podemos viver a nossa vida sem
interferências? A resposta é simples e simples e simples…RESPEITO…
Em todas as faixas
etárias, dos avós aos netos a palavra de ordem é respeito, a privacidade tão
ansiada é possível numa casa cheia de gente, assim cada um sinta em si e
respeite, a necessidade de privacidade do outro.
A ânsia de “liberdade”
instala-se muito cedo nos jovens! Alguns, acabam por perceber que liberdade é
interior, que liberdade é renegar conceitos e preconceitos que nos tornam
máquinas de consumo programáveis, que liberdade é cumprir o seu ideal em prol
da comunidade. Mas a grande maioria nunca chegam a perceber o que é a
liberdade. Numa vida aprisionada pela postura social, pelo progresso da carreira,
pela necessidade aquisitiva que eleva o status social, vivem e morrem no seu
casulo individual.
Todos sabemos que se
avizinham Tempos de Mudança, uma das novidades da mudança é recordarmos que
somos Uno, não só nas dimensões subtis, mas também e principalmente aqui e
agora. Reaprender a viver em comunidade, assimilar o conceito de uma maxi-fraternidade,
a começar pelo seu núcleo familiar.
Há dias contaram-me um
caso real que partilho e que pode servir de exemplo a famílias ou grupos
de amigos: é a história de uma senhora com 4 filhas, todas elas com vidas
próprias e a viver cada uma em sua casa. Mantinham no entanto vários conflitos entre elas.
As cinco, agora com as
dificuldades inerentes a quase toda a gente, tomaram a resolução de venderem
casas, objectos, e adquiriram uma casa única, onde vão viver em conjunto,
partilhando meios, energia, e com certeza crescimento de consciência nessa
experiência inovadora de convívio em respeito e cooperação.
O individualismo auto-centrado não é liberdade. Conviver pacífica e respeitosamente em frutuosa proximidade, no núcleo familiar, profissional, amizades, social, essa sim é a essência
duma supra liberdade, a da maturidade consciencial, a da integração da plena compaixão.
Maria Adelina
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