“Criança
não namora”
Congratulei-me
ao descobrir esta campanha na página duma pessoa amiga. Voltemos a nossa
atenção por momentos para as consequências da erotização das crianças.
Por
um lado, a criança (em que as meninas são as maiores vítimas) precocemente
confrontadas com a postura erótica perdem a capacidade instintiva de defesa
contra o abuso, dado que não conseguem ainda fazer a distinção entre posturas
afectivas e posturas abusivas.
Por
outro lado, a auto-estima natural é profundamente abalada numa idade crítica ao
aperceber-se que “fantasiada” com roupas provocantes, maquilhada, com poses de
adulta, se torna mais apreciada, e é mais elogiada pela sua beleza. Obviamente
que o confronto interno nasce ao aperceber-se que não a elogiam a ela no seu
formato natural mas à máscara que usa. E isto faz parte da permissividade educativa
de muitas famílias em todo o mundo.
São
chocantes os concursos de beleza de meninas (numa faixa etária abaixo dos dez
anos) tão divulgados em alguns países como os Estados Unidos por exemplo em que
se promove um ser puro, indefeso, à montra da mais abjecta vaidade,
competitividade, e as tornam em objectos de disputa, de desejo, no mais básico
desrespeito pelo direito, a serem crianças. O mais horrendo desta realidade é
que são as próprias mães que as incentivam, as formatam, em bonecas de palco.
São
chocantes as notícias que nos chegam de países onde a prática de casamentos de
homens adultos com meninas são considerados normais, é caso para nos
questionarmos o porque das organizações mundiais não tomarem as devidas
medidas, é caso para nos perguntarmos o porque destas “tradições” aberrantes
ainda existirem.
Mas
ainda que aparentemente distanciados de qualquer destas realidades, e como é
hábito, apelo à conscientização de que não somos isentos da responsabilidade
dos acontecimentos que grassam pelo planeta. O poder que nos assiste para
promover a mudança, assenta na convicção do sentir que demos exemplo, que
fizemos e demos o nosso melhor no nosso habitat pessoal e social. E para isso,
como para tantas outras coisas requer-se acção, soluções activas, individuais
ou grupais mas que não deixem dúvidas daquilo
que não queremos.
Por exemplo, que
nenhum condomínio autorize que em prédios de habitação sejam permitidas as Sex
Shop`s, onde as crianças são forçadas à promiscuidade de convívio com locais onde
se vende a sexualidade e o erotismo nas suas mais degradantes vertentes.
Por exemplo, que
cada família se abstenha de adquirir os jornais e as revistas onde a venda de
sexo é exposta e ocupa quantas vezes a maior parte do conteúdo dos referidos
jornais.
Por exemplo, que
cada autarca de cada cidade, vila ou freguesia crie campanhas de sensibilização
para conter a proliferação das bancadas onde este material com conteúdos pornográficos
esteja completamente acessível às crianças e jovens, principalmente junto das
escolas.
Por exemplo, que as
mesmas entidades e associações de cariz social, promovam uma séria abordagem à
educação sexual que passa essencialmente pela família e não pela escola, onde
os professores são na sua larga maioria totalmente despreparados para ensinarem
algo tão complexo quer no plano físico quer no metafísico.
Mas principalmente, que
os pais, a família, tenham uma atenção constante ao que as crianças consomem
via televisão e internet, quantas vezes sub-liminarmente nos chamados programas
infantis. Tal como escolhem os melhores alimentos para os filhos e não lhes dão
veneno, assim mesmo é premente a escolha dos conteúdos dos invasores que se
apossaram dos lares. É preciso estar presente, inteiramente presentes.
Deixo-vos
com as sábias palavras de Miguel Torga:
“Só
há três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se pode
atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e um enfermo. Em todos
esses casos a pessoa está indefesa.”
Miguel
Torga
Maria Adelina
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja Bem-Vindo