Meia-Laranja ou Completude?
Indiferente a faixas etárias e sendo o
fulcro de qualquer relacionamento, a comunicação e a veracidade são o ponto
onde convergem a maior parte das dúvidas, desentendimentos, desarmonias e frustrações,
que por sua vez se alastram a todos os aspectos da vida.
As motivações do coração continuam a ser insondáveis para a maior parte dos
seres, no entanto, são sempre baseadas na necessidade de aprendizado e
superação do nosso estatuto consciencial.
O amor a dois é o maior teste que nos é dado vivenciar, e dele podemos obter
nota positiva, apenas quando é feito de dádiva e aceitação.
- Dádiva – Apenas quando o amor
existe em nós podemos partilhá-lo com outro, ninguém pode dar (partilhar) o que
não tem.
- Aceitação – Todo relacionamento baseado na perspectiva de que podemos ou
devemos mudar o outro está condenado à partida. O “modelo” por nós idealizado é
o estereótipo impresso no nosso campo racional que se torna uma prisão.
Nós não podemos mudar ninguém, excepto a nós próprios, se pela auto análise
concluirmos essa necessidade. Assim, e mais ainda num relacionamento a dois, o
autoconhecimento é fundamental.
Quando dois seres cruzam os seus
caminhos, é precisamente na diferença de conceitos e posturas, que cada qual
vai buscar os preciosos sedimentos com que se constroem os degraus da
tolerância, da flexibilidade, da compreensão.
Quando o ciúme, a rigidez, a competição, se tornam cerceadores da expressão das
facetas individuais, da afectividade, dos sonhos de cada um, corroemos a raiz
antes da planta florescer.
A liberdade de cada ser não é negociável, nem deve ser moeda de troca para a
“harmonia” de qualquer relacionamento. O respeito para com as escolhas e opções
de cada um, é o único suporte para a estabilidade duma relação, e a comunicação
aberta, leal, é a ponte que transpõe qualquer diferença.
Dentro desse círculo de auto-respeito, cada qual deve ser como árvore em
crescimento, cuja seiva é alimento, sombra e amparo para a alma companheira, ou
seja a almejada completude.
Amigos, ninguém é metade (meia-laranja) de ninguém! Se assim fosse,
seriamos eternamente seres incompletos…Cada um de nós é em si mesmo uma paleta
de cor criadora!
No entanto outros ingredientes são
indispensáveis para a construção de percursos paralelos: respeito, entrega,
compromisso.
Estes amores assim construídos, são
exemplos que nos indicam que o horizonte não tem fim, e cuja função, é serem
farol que trespassa a densidade planetária, meio onde nadam as almas em procura
dos trilhos da sua evolução.
Maria Adelina
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