Historicamente, crianças e adolescentes sempre foram os que
mais padeceram com actos de violência. Nem a Declaração Universal dos Direitos
da Criança adoptada pela ONU em 1959 alterou até à data essa condição
Mas, se todos os actos de violência contra a camada
infanto-juvenil merecem ser rechaçados e punidos, com mais razão merecerão
sê-lo os de natureza sexual em todas as suas espécies, englobando-se o abuso, a
exploração e também o assédio exercidos por adultos. A violência de carácter
sexual é a mais abjecta, pois submete a criança a um conjunto de relações e
sentimentos para os quais ela não está preparada, marcando indelevelmente a sua
interacção com o mundo.
Para a defesa das crianças a informação é o primeiro passo. E
este é o objectivo deste panfleto: colaborar com esse primeiro passo.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a salvaguarda de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
exercidas por pessoas, ambiente, ou meios de comunicação, concretamente pelas
redes sociais via internet.
A pedofilia é a parafilia mais frequente e mais perturbadora
do ponto de vista humano. É um transtorno de personalidade, que se caracteriza
pela preferência em realizar práticas sexuais com crianças ou adolescentes.
Pode ser homossexual, heterossexual ou bissexual, ocorrendo no interior da
família e conhecidos ou entre estranhos. O pedófilo tem consciência do que faz.
São pessoas que vivem uma vida normal, têm uma profissão normal, são cidadãos
acima de qualquer suspeita, o famoso “gente boa”, é mais provável um pedófilo
ter um ar normal do que um ar “anormal”.
Pedofilia não é “gostar de crianças”, pedofilia é cometer o grave crime da prática sexual
com crianças, pelo que os pedófilos são juridicamente imputáveis e devem
ser condenados com todo o peso da Lei.
Actualmente, outra vertente tornou ainda mais grave esta
situação, promovendo a sua expansão em número e gravidade, são os comerciantes
de vidas humanas, neste caso de crianças (que
podem ser as nossas crianças), são os produtores/distribuidores de
pornografia infantil e do turismo sexual. Também estes são crimes ligados à
Pedofilia e tendo em conta a razão do mesmo que é o lucro, devemos promover
novas leis e penas compatíveis com este abominável crime que é o tráfico do
abuso infantil maioritariamente conseguido por violência extrema sobre as
crianças que nele são obrigadas a participar.
Convém lembrar a regra base de qualquer comércio, a oferta
nasce quando existe procura, cabe a cada um de nós ser factor de
conscientização e alerta no meio familiar e social onde estamos inseridos.
Lembremos também que as Leis já existem, que podemos contribuir para uma maior
eficiência das mesmas com abaixo-assinados e principalmente com a denúncia às
autoridades sempre que virmos crianças/jovens em risco.
Os crimes ligados à pedofilia atingem todos os direitos da
criança e do adolescente. A criança que é vítima de pedofilia tem evidentemente
desrespeitados seus direitos à saúde (uma
vez que agredida fisicamente pelo abuso sexual), à vida, à dignidade, ao
respeito e à liberdade. A criança que é vítima de pedofilia tem atacada
drasticamente sua auto-estima, via de regra se torna depressiva e apresenta
sequelas para toda a vida, tendo atingidos, pois, seus direitos à saúde (também mental). Além disso, as
estatísticas mostram que há enorme tendência de que a vítima de abuso sexual na
infância se torne um abusador na idade adulta.
A exploração comercial e sexual infantil vitima milhões de
crianças e adolescentes no mundo. Devido à pobreza, ao desemprego, à
desestruturação familiar e à banalização da sexualidade, a pedofilia ressurge
na calada da vida quotidiana como uma perversão sexual, a ponto de interferir de
forma drástica no desenvolvimento psíquico infantil, provocando traumas
irreversíveis e doenças transmissíveis por sexo. Torna-se necessário uma
mobilização mundial, é necessário tomar medidas sérias, eficazes e urgentes
para impedir que esse mal se alastre ainda mais, trazendo profunda degradação
ao que temos de mais caro: a criança e o
adolescente.
A cada um de nós cabe ser um combatente nesta luta!
Texto baseado em estudos de Carlos Fortes, Promotor de
Justiça de Minas Gerais.
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