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domingo, 19 de junho de 2016





Que serventia teve a nossa vida?





A preocupação maior das pessoas é o acessório.
Fiz recentemente duas visitas guiadas a dois cemitérios da cidade do Porto: Lapa e Prado do Repouso. A quem ainda não fez este tipo de visita aconselho vivamente que o faça porque enriquece-nos culturalmente e obriga-nos a colocar muitas questões a nós próprios.
Os cemitérios, locais de culto da morte, eram e, infelizmente continuam a ser, uma feira de vaidades, locais de passeio e de coscuvilhice.
Um local vocacionado para a perpetuação da memória dos que estão no outro lado da fronteira não deve ser jamais uma montra de vaidades. As memórias e a saudade dos que iniciaram a viagem ficam em nós, no nosso coração, pelo que não necessitam de ser exibidas publicamente.
Não obstante o que acabei de escrever, até acho os cemitérios locais bonitos pela sua amplitude e dimensão e muitos deles até convidam à serenidade e à meditação (principalmente aqueles que têm bancos à sombra de alguma pequena árvore).
O que é que as pessoas fazem de útil na vida e para a vida?
A utilidade da vida resume-se a uma lápide no cemitério? Ao dinheiro ganho durante a vida?
Que serventia teve a nossa vida?
Que serviço prestamos aos outros?
O que fizemos nós durante esta vida que não fosse pensar na morte e na estátua que nos perpetuará quando passarmos a fronteira?
Que os cemitérios sejam lugares de interrogação e não apenas de decomposição; que sirvam também para nos lembrarem o significado da palavra "SERVIR" para quando nos transcendermos o façamos com o sentimento de que, pelo menos, servimos para além de usufruirmos.



Elisabete Pinho



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