Que Luz
trago à vida e aos outros?
“O que traz Luz à tua vida” tornou-se num
maravilhoso grãozinho de areia daqueles que na ostra estimulam o nácar.
Dia após
dia senti o crescendo da necessidade da reflexão pessoal mas invertendo a
perspectiva da questão, mergulhando na personalidade, reconhecer acções ou a
falta delas, avaliar motivações ou rejeições.
O que
traz Luz à minha vida é sem dúvida alguma o Conhecimento. Nascemos “cegos” mas não desprovidos, isto é,
todo o potencial de conhecimento universal reside adormecido no nosso ADN
esperando apenas o toque da alvorada, do despertar, que vem pela
intencionalidade e foco na mudança, independentemente das circunstâncias que
rodeiam e permeiam a vida de cada um.
Na genuína
intenção desta reflexão perguntei-me depois o que faço com esse conhecimento
que gota a gota emerge pelo trabalho da redescoberta, experienciado, vívido, na
bancada laboratorial e alquímica que é a vida.
Retenho
por segundos a lembrança da generalizada ilusão de que são os outros que nos
devem dar luz, sorrio para esse passado distante e solto a lembrança da ilusão
transcendida.
Rodam os
pensamentos, abeira-se a estrutura familiar, a pequena e a grande. A pequena é
a que por laços cármicos continuados estamos ligados, a que chamamos família
biológica. E pergunto-me que Luz (a minha) expandi ou contraí, doei ou soneguei,
nos estados mais comuns entre famílias que são:
- o medo/o apego que é geralmente confundido com amor/o domínio/a
dependência/o conformismo
Perguntei-me
e simultaneamente curei, todas as oportunidades que desperdicei ao não escutar
a razão dos mais velhos ou dos mais novos – ou no formato “comodidade” atender
aos caprichos e birras dos filhos – ou no formato “ansiedade” temer não ser boa
mãe e calar a intuição – ou no formato “socialmente correcto” não impor a
disciplina devida para não macular a “harmonia” familiar – ou no formato “medo”
exonerar o magistério sagrado de mãe (ou de um pai) que é a orientação pelos
valores humanísticos da nossa estatura consciencial.
Curadas
as dúvidas, não sei nem interessa saber que potencial de Luz usei, mas outras
coisas sei: aos meus pais respeitei, fui e sou presente, totalmente, nas
limitações que a idade e a saúde impuseram – nos filhos que dei à luz, vejo
pessoas maravilhosas, independentes, a quem me liga um amor profundo baseado no
respeito, na colaboração quando necessária, e na exposição da Luz que fomento
(sem medos ou preconceitos) com certeza que aos filhos dos meus filhos, Luz
acrescida de Luz, chegará.
O
desdobramento do restrito núcleo biológico é essencial à formação, é o plantar
sementes de altruísmo, é a fórmula de desmontar o egocentrismo tão patente em
crianças e jovens. Hábitos fraternos, compassivos, abertos, são aprendidos pelo
exemplo (Luz) dos pais.
Na tela, aparece
agora a família grande, aquela que valiosamente vamos acrescentando de membros
que povoam as dimensões da nossa vida e que se atraem mutuamente por ligações
cármicas ainda em resolução, e também por opção de grandes e generosas almas
que se voluntariaram (por amor) a serem o contraponto, o apoio, o estímulo, do
nosso caminho evolutivo.
Estas, e
porque não nos liga a obrigatoriedade pedagógica, tornam-se elas próprias um
caminho de Luz com quem vamos ensaiando os passos desta dança cósmica, em que
tenho sempre presente com naturalidade adquirida, as partilhas dos frutos da
nossa árvore, pois só assim compartidos amadurecem, ganham cor e Luz, alimento
para todos nós.
Que Luz
trago à vida e aos outros? Aquela que a minha consciência contém quando
presente, desperta, atenta, momento a momento, nas ínfimas acções de cada dia, quando
pela constância e trabalho adquiro auto-conhecimento pela via do Conhecimento,
assim e só assim me torno (ou qualquer ser se torna) a pá do moinho que gera a
Luz universal.
O meu
mais profundo abraço de gratidão a todos os maravilhosos seres com quem tenho a
honra de partilhar este espaço/tempo.
Maria
Adelina
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