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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Compreender o Amor - (ciclo sobre o tema Amor)




Compreender o Amor


No vivenciar o salto quântico planetário são muitas as possibilidades para as vias do aprendizado, do perdão, do reequilíbrio cármico. Na vivência actual, todos temos a possibilidade de um maior e melhor “aproveitamento escolar”.
Em todas as áreas das nossas vidas, as mudanças são extremas e galopantes. Inúmeras “cadeiras” que deixamos para trás noutras vidas, retornam a nós, para que, e dentro do nosso livre arbítrio, as possamos ou não concluir.
A área do amor não é excepção…No intuito da superação do nosso nível vibratório, o Universo, qual laboratório aprimorado, faculta-nos todo o material que precisamos para a vivência e conclusão das nossas experiências emocionais. Assim, e para aqueles que iniciaram o Caminho, este vai sendo pontuado por encruzilhadas de decisão.
Pautam-se pelo reencontro com os Seres mais marcantes nas nossas vidas passadas (paralelas). Todas as pendências desses relacionamentos vividos  (os bons e os menos bons), podem ser transmutadas, pelas escolhas que fizermos no momento presente.
Na atracção que se gera entre duas pessoas que se cruzam, estão contidas múltiplas memórias de experiências vividas a dois. Cabe, nesse momento, a reflexão.
 - avaliação do processo individual
 - esmiuçar a “tonalidade” daquilo que se sente
Podemos com isto entender, qual o tipo, a natureza, e a densidade da energia dessa atracção e com isso libertar a resposta do nosso corpo emocional, sentir qual a expressão da mesma.
Quando nos permitimos este “compasso” de espera, de auto-análise e interiorização, deparamos com a autêntica cor do filamento energético que nos une a determinada pessoa. Numa demonstração de crescimento e evolução consciencial, podemos então fazer a escolha, visualizar nitidamente qual o papel desse Ser nas nossas vidas.
Na maior parte destes encontros sincrónicos, as pessoas envolvidas não compreendem a dimensão e as possibilidades dessa bênção, e por norma são reacções básicas como o impulso sexual, que dinamizam a relação.
Inicia-se assim novo ciclo de dependência, fuga, ou alienação, através da efémera gratificação dos sentidos físicos.
Não sendo esta a motivação para a “experiência”, estes relacionamentos são de curta duração, e por norma deixam um grande vazio interior nas pessoas envolvidas.
Assim e pelo já referido, vivemos tempos de superação em que o potencial de força e de criatividade “residentes” nos chacras inferiores, pode e deve ser transmutado numa energia libertadora, expansiva, que fomente a conclusão da nossa missão de vida.
Muitas são as formas de vivenciar um sentimento amoroso entre duas pessoas, todas elas podem ser “estações de amor”, que nos conduzam ao Caminho de Retorno.


A. (Maria Adelina)


quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Sendas de Amor (ciclo sobre o tema Amor)



“ Cada pessoa que passa na nossa vida, 
passa sozinha, pois cada pessoa é única
 e nenhuma substitui outra, mas cada uma
 que passa não vai só, nem nos deixa sós
- Leva um pouco de nós mesmos - 
- Deixa um pouco de si mesmo - 
Há os que pouco levam, e os que levam muito
Essa é uma das maiores responsabilidades da nossa vida,
e a prova de que duas almas não se encontram por acaso…”

O Principezinho
Antoine de Saint-Exupéry



Na encenação do nosso percurso de vida, existem ciclos e os mais variados personagens, sendo que os mais marcantes pela sua intensidade são a ímpar e sublime experiência do amor  entre um homem e uma mulher, fusão da obra prima e perfeita de Deus, da natureza, e da génese humana,   os amores de cada vida, quantas vezes, amores que foram, de muitas outras vidas.
Assim mesmo, cada um destes ciclos, representa muito mais que uma vivência afectiva, são adubo de amadurecimento, nas searas do conhecimento.
Valemo-nos de Fernando Pessoa quando diz “o amor não se conjuga no passado, ou se ama para sempre, ou então, não era amor”
Contrariamente ao que maioritariamente se afirma, o amor, realmente não morre, apenas se transforma. As recordações perduram, orientam e influenciam, pois o amor é uma poderosa experiência espiritual.
Quem tem a graça de vivenciar o amor, abre-se à comunhão com a inteligência e criatividade do coração.
Neste Amor, não tem cabimento tudo aquilo que ensombra o brilho único, da recreação ( em que se recria ) a Consciência Suprema.
Cabe aqui salientar que falamos de Amor, e não da necessidade compensatória física e emocional, a que a maior parte dos seres humanos chama, amor.
Nas mais variadas circunstâncias, cumprindo ciclos, percorrendo as etapas da nossa “Onda Encantada”, vamos revelando os mistérios do infinito, em cada página desenhada com a tinta indelével do amor, quando este é, Amor…
Por esta óptica, percebemos facilmente a inutilidade do ciúme, pois este só emerge pela insegurança do que somos, e do que queremos possuir…mas o Amor, não possui, nem é possuído, simplesmente é!
A todos aqueles que em algum momento das nossas vidas foram, ou são, o espelho onde reflectimos o Nosso Amor, devemos plena gratidão. Pois estes tornaram-se receptáculos sagrados, da nossa melhor essência, composta de doação, entrega e união.


A. (Maria Adelina de Jesus Lopes)

Nota: “Onda Encantada”, é a denominação que os Mayas dão à nossa missão de vida.





domingo, 25 de novembro de 2018

A fundação treme...mas não cairá...(ciclo sobre o tema Amor)


“ Não há domínio mais importante
 que a do amor, do afecto, e é aí,
 que a Luz  é mais necessária” 

Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov







A Fundação Amor 
Ao longo das eras sempre foi importante, mas hoje, e mais que nunca o amor é pedra basilar no ancoramento e reconstrução de uma nova civilização. A fusão dos pólos, a interacção pacífica e amorosa da dualidade, é sinal de maturidade e expansão de consciência.
A sinergia fomentada pelo amor de dois Seres é uma das forças mais poderosas do Universo.
Na vivência plena das vertentes do amor : física, emocional, mental, formam-se campos energéticos que podemos comparar a viveiros, onde em ambiente propício, tudo cresce em qualidade.
- Vivemos tempos em que a pressão materialista da sociedade se abate, mais do que nunca sobre a família, e em que os fortes ventos derrubam tudo aquilo que não esteja alicerçado na autenticidade.
- Vivemos tempos em que perversas forças abanam as fundações da ética natural, biológica e evolutiva do formato humano (masculino e feminino), mas, a obra de Deus não cairá!
Em cada Unidade formada por um homem e uma mulher unidos pelo Amor e que percorrem o mesmo caminho, a ligação espiritual é o efeito aglomerante, coadjuvada  pelo respeito a todas as vertentes dessa união.
A todos os que percorrem a senda em unidade, compromisso sagrado, baluartes da família, escola viva para os filhos, luzeiros cósmicos:

- Que cada dia seja um exemplo de alegria e harmonia partilhada saturado de sentimentos de elevação
- Que cada passo ou decisão, esteja impregnado de complementaridade  e companheirismo
- Que o mar da comunicação seja feito de muitas correntes, entre elas, a das amenas e construtivas conversas
- Que a ternura seja farol de vibração, constante, que ilumine tudo a seu passo.

Contra ventos e marés, coragem e perseverança, sentido de entrega abnegada, honrar o companheiro/a, fundar sacralidade pela veracidade de cada união.



A. (Maria Adelina de Jesus Lopes)




quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Libertação Versus Crise





Libertação Versus Crise

 O "status quo"






O pensamento individual afecta o todo!
Das mais variadas formas este ensinamento tem sido repetido nos últimos anos, no entanto, é um dos menos assimilados pelos seres humanos.
Dentro do contexto sócio – político – financeiro que parte da humanidade vivência, gerou-se uma poderosa arma, o pessimismo/negativismo! Actuante e propagado de forma peremptória, torna-o uma espécie de bloqueador anímico e espiritual.
Este, é o elemento tóxico de que milhões de pessoas fazem uso diariamente, de forma irracional e inconsciente, contribuindo de forma sistematizada para a decadência energética global. E os impérios da escuridão, aplaudem...

Fernando Pessoa dizia que “a crise é sempre mental”....

Na espiral evolutiva de movimento contínuo e ascendente, do qual o ser humano não se pode desligar, esse estágio foi há muito ultrapassado, a crise, única e promotora de todas as crises, é a espiritual...

- O Império financeiro mundial, qual gárgula insaciável que sentencia nações, povos, culturas, como se estes fossem meras peças num tabuleiro de xadrez, foi gerado pela ambição individual dos homens, dos quais, entretanto, tomou o domínio

- O Império do poder destrutivo (armas – guerra – genocídios bárbaros) que alastra a todos os cantos do planeta, disfarçado grotesca e grosseiramente de defensor da ordem e da paz mundial, gerou-se e alimenta-se, na incapacidade individual dos homens, de vivenciarem a unicidade e a fraternidade

- O Império das drogas (das legais e das ilegais) ambas no topo do ranking dos impérios financeiros, quais gémeos discordantes em vias paralelas, que fomentam a viciação dos corpos.
As primeiras, valem-se de mega-campanhas de marketing estimulando o medo e o culto da doença, cujo resultado é a percentagem nunca vista de seres humanos com dependência farmacológica sem terem diagnóstico de doença física ou psíquica.
As segundas, por acção directa, atacando os seres humanos na fase da estruturação dos seus corpos físico, emocional e mental, destruindo literalmente estes corpos.
Em ambos os casos, a infiltração facilitada destes agentes de dependência destrutiva só é possível, quando na sociedade, na família e no indivíduo, o corpo espiritual se encontra adormecido.

- O Império da “mídia”, enganadoramente social ou informativa, criadores e promotores não da realidade formal e isenta, mas de realidades dicotómicas propícias ao núcleo do seu poder manipulativo, centrado num pequeno grupo de magnates da informação, com ramificações directas aos demais impérios aqui mencionados. A "mídia" a nível mundial, tornou-se o impressor da robotização pensénica, que de forma directa e ainda subliminar, modela os factos, de forma a que se tornem apetecíveis ao desarmonizado campo emocional da maioria dos seres humanos, tornando-os previsíveis e controláveis. 
A harmonização do corpo emocional, apenas é possível através do trabalho assíduo e individual, da expansão da Consciência (Espírito)
O caminho evolutivo da dimensão espiritual do homem é irrevogável!
As experiências (razão de cada encarnação), são para serem vividas, o seu ensinamento assimilado e transmutado na espiral ascensional.
Amigos, cabe a cada um de nós a sua quota-parte de despertar, de se libertar. Apenas por uma elevada frequência vibratória que se obtém essencialmente pelo teor do pensamento, poderemos transmutar do campus planetário a prova à qual chamamos crise, criada, fomentada, e gerida por poderes, a quem outorgamos o nosso poder.


A.  (Maria Adelina de Jesus Lopes)











domingo, 18 de novembro de 2018

Telepatia






Pelos padrões científicos conhecidos o nosso planeta está a ser atingido com radiações electromagnéticas nunca antes registadas. Em paralelo com as intensas tempestades solares, contamos ainda com manifestações cósmicas como sejam ondas acústicas (sons) num espectro que não é perceptível à audição humana, e outros, como fenómenos visuais que estão a ser observados por todo o planeta.
Estes acontecimentos estão interligados e relacionados com as movimentações intensas do plasma solar que ocorrem desde o início de 2011.
São processos que geram fluxos de energia anómalos, que promovem desestabilização e alteração nas camadas da Terra, e que provocam algum incómodo nas fases evolutivas de todas as formas de vida.
Tudo o que ocorre na entidade viva que é o nosso planeta, afecta directamente o ser humano, daí a inclusão das mais variadas sensações que de uma forma mais ou menos perceptível e intensa, todos estamos a vivenciar.
Amigos, devem estar a pensar o que é que o título desta entrega tem a ver com o explanado até ao momento…pois, tem tudo a ver.
A telepatia, herança preciosa das civilizações solares, sobejamente conhecida da filosofia hermética, e da qual muitos seres fizeram uso, tornou-se, neste momento, um Portal em plena expansão, facultado pelas condições energéticas e vibracionais que estamos a vivenciar.
Esta forma de comunicação, independente do sistema sensorial e racional, é uma ferramenta imprescindível ao percurso ascensional. Será esta, a via normal de comunicação para a humanidade, num futuro não muito longínquo. E ela aí está, projectada de, e para, todos aqueles que a percepcionam.
A comunicação telepática é espontânea e natural, ou seja, não é um bem que se possa adquirir. Também não deve ser confundida com intuição ou clarividência.
A telepatia gera-se num ambiente (mental superior) descongestionado, em que as emissões pensénicas estejam libertas de interesses subjectivos, e a ética pessoal se compatibilize com a ética cósmica.
É normal que as trocas telepáticas sejam mais comuns entre pessoas (singulares ou grupos) com grande empatia mútua, no entanto essa experiência será apenas o princípio para a expansão da capacidade, assim se reúnam e mantenham as condicionantes básicas descritas.
Este, é mais um dos presentes do Universo nestes Tempos de Mudança, indicador das profundas transformações conscienciais a acontecer no ser humano, e da premência duma depuração emocional, que se traduza numa suprema veracidade e pureza de pensamentos.
Apenas a matéria-prima adequada representada pela superação qualitativa do nosso padrão pensénico, nos insere na rede cósmica da comunicação telepática, o “idioma” do futuro, onde nada fica oculto ou por dizer, pois este idioma expressa-se pelo Ser Superior de todos, e cada um de nós.

A bem da Consciência Universal

A.





segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Responsabilidade Vs Politica


Responsabilidade Vs Politica

"A penalização por não 
participares na política,
é acabares por ser governado 
pelos teus inferiores"
Platão


Esta frase de Platão fala-nos na realidade do exercício da “política” individual em todas as nossas acções familiares e sociais. Hoje, milhões de pessoas impensantes, robotizadas, voyeures passivos das tragédias que gradualmente afundam esta civilização, tornaram-se indiferentes às aberrações que vão fazendo a nossa história. Esquecemos de que a ausência e a omissão também são formas de participação.

Mas, como criar consciência politica lúcida, comunitária, em cidadãos com a consciência embotada pela dita robotização, reforçada diariamente na sua alienação pelos “divertimentos para espairecer” .

Sabendo que cada acção que emitimos é um acto “político”, nos pequenos  “reinos” de cada um de nós como seja a família, os vizinhos, a fábrica, o escritório, a escola, os colegas de trabalho,  os negócios, os relacionamentos amorosos, as amizades, que exercemos? qual  o nosso teor e nível político?

Tudo começa no eu, para depois ser irradiado ao nós!

Se “A lei é o nível mais baixo da ética” por ser necessária apenas onde a ética ainda não existe, também a política tal como a conhecemos hoje, é o nível mais baixo da ordem social, porque os que vão rodando o panorama político são a amostra do nível cívico e educacional do povo que representam.

A reflexão premente que nos surge é, se a esperança são as crianças e a sua formação cidadã, educacional, ética e humanitária, como se estão a formar?...numa sociedade dominada pela ignomínia dos políticos, e pelo cansaço psíquico e desmotivador das famílias, que futuro educacional e ético?

- Que a colaboração substitua a competição fomentada pelos próprios pais nas crianças desde o berço
- Que a família ganhe tempo de qualidade em aprendizados conjuntos, prevalecendo o respeito intra-familiar para que a criança reconheça e integre o respeito pela comunidade onde está inserida
- Que o ensino não seja uma forma de “ganhar a vida” mas a missão mais importante dum estado social, onde impere a pedagogia, característica que hoje em dia é arredada do sistema de ensino e dos profissionais do mesmo.

Não existem impossíveis… apenas o retorno dos nobres ideais que fazem parte da nossa herança evolutiva, trabalho (lembremos que estamos aqui em missão, em serviço) e acreditar que cada um de nós faz a diferença, na reconstrução de um mundo mais acolhedor para os nossos filhos, netos, e seus descendentes. 

Isto, é amar!


A.






domingo, 11 de novembro de 2018

11


Hoje, 11/11/11 - "11 Ou As Colunas de Hércules"





(Hoje mais que nunca é preciso assumir A CORAGEM)

11 Ou As Colunas de Hércules


Na antiguidade,  o ultrapassar as Colunas de Hércules representava, simbolicamente, o ir mais além o "plus ultra" da capacidade do homem.
Anos onze no seu enorme potencial representam as "Colunas de Hércules". Tal como o herói a quem a lenda atribui a criação desses marcos, o ano 11 é um ano Solar.
Ano de acção, de concretização!
Mas não se enganem meus amigos! Acção e concretização sim! Mas em planos bem mais subtis que aqueles onde são usuais estes termos.
O número onze tem também, a conotação aos mais importantes e representativos portais energéticos que estão a permitir a nossa re - ligação.
Está na hora! De que, em cada patamar evolutivo, com as ferramentas que escolhemos, dar início ou continuar as acções de religação ao Eu Divino, com o fim de concretizar o Caminho, a Missão, ou como diziam os Maias a nossa Onda Encantada.  
Para isso, é preciso reconhecer os liames que nos prendem a vivências sem sentido, a rotinas bloqueantes, e cortar, em amor e gratidão essas cordas, para que O Homem extraviado da Verdade e da Harmonia encontre sua plenitude na contemplação e na aceitação da soberania do SER

A.

(trecho) Do Livro: Ponte de Palavras (edição de 2010)

sábado, 3 de novembro de 2018

Os "mornos" ou "os que ficam em cima do muro"


Que restará de nós no fim? O amor dado e recebido

Os que se afastaram de Deus que mal cometeram? Muitos, não é o de acrescentarem mal ao mal, o seu pecado é mais grave, é a omissão: não fizeram o bem, não deram nada à vida.
Não basta justificar-se dizendo: nunca fiz mal a ninguém. Porque faz-se o mal também com o silêncio, mata-se também com o estar à janela. Não se comprometer pelo bem comum, ficando a olhar, é já fazer-se cúmplice do mal comum, da corrupção, das máfias, é a «globalização da indiferença» (papa Francisco).
O que acontece no dia-a-dia mostra que a verdadeira alternativa não é entre quem frequenta as igrejas e quem não vai lá, mas entre quem se detém junto ao homem agredido e à Terra, e quem, ao contrário, segue em frente; entre quem parte o pão e quem volta as costas e passa ao largo. Mas sem este ser-se humano não há nada, muito menos o Reino de Deus.


Ermes Ronchi 

In "Avvenire"

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Três Grandes Feridas Contemporâneas - P/ Anselmo Borges



Devo este título e alguma inspiração para esta crónica a J. M. Rodríguez Olaizola, no seu livro Bailar con la Soledad, já citado na semana passada. Quais são as três feridas?
1. A do amor. O que é que todos procuramos? A felicidade, e elemento constitutivo da felicidade é o amor, um amor sólido, estável e fiel. Mas isso hoje está como se sabe: na sociedade líquida, também o amor é líquido, para ir a Z. Bauman. Só para dar o exemplo do amor conjugal: Portugal é o país da Europa com mais divórcios, 70 por cento dos casamentos terminam em divórcio. Aí está G. Lipovetsky, em Da Leveza: "Publicidade, proliferação de formas de empregar o tempo livre, animações, jogos, modas: todo o nosso mundo quotidiano vibra com cantos à distracção, aos prazeres do corpo e dos sentidos, à ligeireza de viver. Com o culto do bem-estar, da diversão, da felicidade aqui e agora, triunfa um ideal de vida ligeiro, hedonista e lúdico."
Então, a contradição é esta: num tempo de incerteza, do zapping, do provisório, do usar e deitar fora até nas relações humanas, o amor sólido e fiel, inabalável, deveria ser a pedra angular da vida, e é isso que se procura idealmente, mas, ao mesmo tempo, pretende-se viver numa união sem compromisso, na abertura ao consumo do "poliamor", numa liberdade à deriva, incapaz de sacrificar-se pelo que mais vale. E lá está outra vez Z. Bauman, em Amor Líquido: "Automóveis, computadores ou telefones celulares em bom estado e que funcionam relativamente bem vão engrossar o monte de resíduos, com pouco ou nenhum escrúpulo, no momento em que 'versões novas e melhoradas' aparecem no mercado. Há alguma razão para que as relações de casal sejam uma excepção à regra?"
Mas a liberdade sem vínculos e sem enraizamento é um fantasma. Byung-Chul Han, no seu livro admirável, O Aroma do Tempo, mostra-o, inclusive a partir do étimo, no alemão: a raiz indogermânica fri, donde derivam frei (livre), Friede (paz) e Freund (amigo), significa amar. "Assim, originariamente, 'livre' significava 'pertencente aos amigos ou aos amantes'. Sentimo-nos livres numa relação de amor e amizade. O compromisso, e não a ausência dele, é que nos faz livres."
Na falta de um amor comprometido e estável, é-se invadido pela desconfiança em relação a si próprio (o que é que eu valho e para quem e o que é que eu sou?) e pelo medo e a insegurança face ao futuro instável. E pela solidão, como bem viu o Sínodo sobre a Família: "Uma das maiores pobrezas da cultura actual é a solidão, fruto da ausência de Deus na vida das pessoas e da fragilidade das relações."
2. Na sociedade líquida, a morte é tabu, tabu que, retroactivamente, impulsiona a sociedade líquida, num reforço mútuo. Da morte, que viria desarranjar a lógica da euforia do consumo, do hedonismo e da leveza do viver, pura e simplesmente não se fala. Então, o essencial - o metafísico, a ética, a existência enquanto texto com sentido - cai inevitavelmente no esquecimento. De facto, sem a consciência do limite que a morte impõe, ficam apenas instantes que se dissolvem na fugacidade vazia do tempo. Afinal, é com a consciência da morte que se é convocado para o que verdadeiramente vale, como bem viu M. Heidegger: face à morte, aparece em todo o seu vigor a distinção entre a existência autêntica e a existência inautêntica, entre o que verdadeiramente vale e o que realmente não vale e a urgência de construir uma existência com significado para lá da voragem do tempo. Confessava-me recentemente um colega e amigo, que sofreu um AVC: "Anselmo, desde então tudo ficou com outra perspectiva, num outro horizonte, e tanta coisa por que me batia denodadamente passou a um plano secundário e há outras prioridades e outra força e intensidade no viver do essencial." Sem perder a alegria funda do fulgor do milagre de existir. O pensamento sadio da morte atira-nos para a urgência de viver agora, a cada momento, na intensidade, sem adiar, porque é aqui e agora que se vive.
De repente, a sabedoria. Que confirmo também com uma experiência que no Natal de 2015 se quis fazer sobre percepções, prioridades e valores e de que Rodríguez Olaizola se faz eco. Foi-se perguntando a um conjunto de jovens madrilenos, um a um, que presentes pensavam dar nesse Natal a uma pessoa muito significativa (em princípio, seriam os pais). E as respostas surgiram alegres, com alguma originalidade. Depois de exporem as suas intenções, eram confrontados com outra pergunta: e se soubesses que é o último Natal que vais celebrar com essa pessoa?, se soubesses que ela vai morrer? Aí, de repente, ficaram perplexos, as palavras começaram a falhar e foram surgindo respostas com outro cuidado, emoção, intensidade. A perspectiva agora era outra e o horizonte do fim "enchia de profundidade o presente. E os presentes escolhidos nesse novo cenário ficaram carregados de sentido, significado e ternura".
3. Face à morte, ergue-se, inevitavelmente, lá do mais fundo de nós, a pergunta pelo sentido, o sentido último. Porque, como disse recentemente, numa entrevista ao Expresso, conduzida por Luciana Leiderfarb, o famoso patologista Sobrinho Simões, depois de ter sofrido um AVC e perceber que, na existência, está na fase da descida, a sua grande experiência foi que "as explicações biológicas fazem sentido para muita coisa, mas não para explicar quem sou". E a pergunta, in-finita, é: Para quê? "Para quê".
Essa pergunta leva necessariamente consigo a pergunta por Deus. Mas hoje essa pergunta está obnubilada e a mim, mais do que o ateísmo, o que me preocupa é a indiferença, implicada, também ela, na sociedade líquida.
Aqui, encontramos Nietzsche. Matámos Deus ou constatamos que Deus morreu. Há um júbilo perante o "acto mais grandioso da história", que foi essa morte. Mas, ao mesmo tempo, Nietzsche apercebe-se de que esse júbilo é atravessado por perguntas terríveis e trágicas: "Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? Que fizemos nós, quando soltámos a corrente que ligava esta terra ao sol? Para onde se dirige ela agora? Para onde vamos nós? Para longe de todos os sóis? Não estaremos a precipitar-nos para todo o sempre? E a precipitar-nos para trás, para os lados, para todos os lados? Será que ainda existe um em cima e um em baixo? Não andaremos errantes através de um nada infinito? Não estaremos a sentir o sopro do espaço vazio? Não estará agora a fazer mais frio? Não estará a ser noite para todo o sempre, e cada vez mais noite?"
4. Deus desapareceu do nosso mundo? Não; Ele está presente pela sua ausência insuportável, que leva à total desorientação, como anunciam estas perguntas proféticas de Nietzsche. Num tempo em que, como se lê num verso do poeta galego Ramón Cabanillas, parece que avançamos "com o cadáver da esperança às costas".

Anselmo Borges

Padre e professor de Filosofia


https://www.dn.pt/edicao-do-dia/29-set-2018/interior/tres-grandes-feridas-contemporaneas-9921460.html