11 Razões para dizer Não às drogas
"leves"
1ª - Cada dia que passa a comunidade
científica menos aceita a divisão entre drogas “leves”
e “duras”, por reconhecer que o efeito das drogas depende muito mais da idade e
das características do hospedeiro que as recebe, do que das propriedades
químicas delas próprias, podendo uma droga dita “leve” como a marijuana ou o
haxixe, se consumida por um indivíduo de 14 anos, com toda a imaturidade
própria da idade, ser muito mais gravosa que uma droga dita “dura” como a
cocaína ou a heroína, se estivermos na presença de um adulto de 50 anos com uma
vida pessoal e profissional bem estruturada.
2ª - Senão vejamos: o adolescente deve
operar a passagem da infância à idade adulta.
Em lugar de se confrontar com a realidade, a fim de realizar a sua maturação psicológica e a sua adaptação, ele, através do consumo do haxixe ( droga por onde normalmente se começa ), vai refugiar-se num mundo imaginário.
Não esquecer que o desenvolvimento psicológico sofre um retrocesso desde o momento em que o indivíduo se torna um consumidor regular.
Os riscos são múltiplos e muitas vezes isso pode impedir o jovem de desenvolver as suas capacidades e de encontrar satisfações de outro modo que não seja através de drogas, mesmo que elas tenham a “inocência” do haxixe, não conseguindo deixar de andar de outra maneira que “de cabeça cheia” de qualquer coisa, nem que seja de álcool.
Em lugar de se confrontar com a realidade, a fim de realizar a sua maturação psicológica e a sua adaptação, ele, através do consumo do haxixe ( droga por onde normalmente se começa ), vai refugiar-se num mundo imaginário.
Não esquecer que o desenvolvimento psicológico sofre um retrocesso desde o momento em que o indivíduo se torna um consumidor regular.
Os riscos são múltiplos e muitas vezes isso pode impedir o jovem de desenvolver as suas capacidades e de encontrar satisfações de outro modo que não seja através de drogas, mesmo que elas tenham a “inocência” do haxixe, não conseguindo deixar de andar de outra maneira que “de cabeça cheia” de qualquer coisa, nem que seja de álcool.
3ª - Isto já de si é perigoso, mas pode
ser ainda mais, se fizer despertar aquilo que “dorme” dentro dele e que em
muitos casos é preferível não abordar muito bruscamente neste período da
vida.
Nós temos todos em nós predisposições psicológicas pouco conhecidas e avaliamos mal os riscos.
Por exemplo, se um adolescente tiver tendências psicóticas ou paranóicas, a tomada de drogas, mesmo que sejam “leves” como o haxixe, pode fazer sobressair esta estrutura e a sua personalidade dar assim irreversivelmente uma volta enorme do dia para a noite.*
* ( Excerto do livro “Ser herói para a heroína” do autor)
Nós temos todos em nós predisposições psicológicas pouco conhecidas e avaliamos mal os riscos.
Por exemplo, se um adolescente tiver tendências psicóticas ou paranóicas, a tomada de drogas, mesmo que sejam “leves” como o haxixe, pode fazer sobressair esta estrutura e a sua personalidade dar assim irreversivelmente uma volta enorme do dia para a noite.*
* ( Excerto do livro “Ser herói para a heroína” do autor)
4ª - O fenómeno da “tolerância”, isto é,
a necessidade de aumentar as doses para sentir os mesmos efeitos, empurra uma
grande parte das vezes o consumidor de haxixe para a droga rainha – a heroína.
5ª - Heroína que é ainda muitas vezes a
droga recomendada pelo “dealer“ que “esgotou” o stock de haxixe, e que
“simpaticamente” anuncia à sua vítima, que para não ir de mãos a abanar, como
ele (a) até é boa pessoa, daquela vez até lha dá de borla...
6ª - Para a generalidade das pessoas o
“des” é interpretado como demissão, derrota, ou seja, convite para darem espaço
às drogas nas suas vidas, para as aceitarem e se acomodarem a elas em
detrimento do sentimento natural de aversão perante algo que, como se sabe,
reconhecidamente modifica a disposição e os sentimentos, provoca dificuldades
na atenção e na memória, aumentando as dificuldades em resolver problemas – com
consequente quebra de rentabilidade escolar ou laboral – podendo afectar por
último, mais tarde, a sua personalidade.
7ª - Dizer que uma maior disponibilidade
das drogas e a sua aceitação sócio-legal, não iria aumentar o seu uso, seria,
pensamos nós, desafiar a natureza humana.
8ª - Para nós, a mensagem que a
descriminalização das drogas leves transporta é que se o seu uso é benevolente
então é porque não faz mal!
“Se fossem assim tão más elas não seriam descriminalizadas” seria esse, a nosso ver, o pensar de uma grande parte das pessoas!
“Se fossem assim tão más elas não seriam descriminalizadas” seria esse, a nosso ver, o pensar de uma grande parte das pessoas!
9ª - Como corolário lógico, não espanta
que tenha aumentado substancialmente o número de consumidores de haxixe
(segundo o relatório do I.N.A., entre 1999 e 2004 registou-se um aumento de 46%
entre indivíduos em idade escolar ) dos quais, com muita probabilidade, alguns
deles, como se traduz no ponto 4º, irão engrossar mais tarde o pelotão dos
consumidores de cocaína e heroína, aumentando exponencialmente as listas de
espera das unidades de tratamento de toxicodependentes.
10ª - Com a descriminalização, em 2001,
ao contrário do que muitos calcularam, não se reduziu a criminalidade
directamente associada à droga.
Pelo contrário, registou-se um aumento de 9% nos últimos anos como referiu o relatório do I.N.A.
Porquê? Porque as pessoas continuaram a cometer crimes sobre a influência das drogas e continuaram a precisar de dinheiro para as comprar.
E como o consumo aumentou – por uma maior aceitação sócio-legal – não deixa de ser então lógico pensar que o crime o tenha acompanhado exponencialmente.
Pelo contrário, registou-se um aumento de 9% nos últimos anos como referiu o relatório do I.N.A.
Porquê? Porque as pessoas continuaram a cometer crimes sobre a influência das drogas e continuaram a precisar de dinheiro para as comprar.
E como o consumo aumentou – por uma maior aceitação sócio-legal – não deixa de ser então lógico pensar que o crime o tenha acompanhado exponencialmente.
11ª - Com a aprovação da lei em Portugal
que em Julho de 2001 descriminalizou o consumo, a posse e a aquisição para o
consumo de todas as drogas, dever-nos-emos consciencializar que vai ser cada
vez mais complicado pretender que alguém que se debata no terreno com um
problema de toxicodependência procure com a brevidade desejável ajuda, por
deixar de sentir suficientemente obstacularizado o seu comportamento, por ver
removido por quem deveria olhar por si, o ónus da sua atitude desviante,
dando-lhe a entender que até 10 doses, como estipula a lei,... tudo bem meu!
Nota do autor: Se considerarmos que, como
poderia dizer La Palisse, o combate do problema da toxicodependência passa pela
redução do número de toxicodependentes... , então parece-nos a nós que será
dificultando a obtenção das drogas, reforçando uma correcta educação anti-droga
e melhorando as condições dos actuais consumidores pela exigência de um
tratamento sustentado no conhecimento e compaixão, que conseguiremos cumprir o
nosso papel enquanto cidadãos.
Se considerarmos este (quanto a nós) despudorado convite para o abismo, assinado já há uns anos pelos governos do nosso país, então a fórmula de sobrevivência que propomos para fazer face ao seu depressivo cinismo, é agarrar aquilo que agora, como ontem como sempre nos pode valer, ou seja, as balizas orientadoras constituídas pelas causas, pelos valores e pelos princípios, condimentos que estimularão depois as verdadeiras e naturais ligações emocionais, virando as pessoas umas para as outras, induzindo nelas sensações satisfatórias de eficácia e diversão e um racional sentido de responsabilidade por si e pelo próximo, ajudando-as a encontrar dessa forma um sentido real para a autenticidade da sua existência.
Manuel Pinto Coelho
(Presidente da APLD)
Se considerarmos este (quanto a nós) despudorado convite para o abismo, assinado já há uns anos pelos governos do nosso país, então a fórmula de sobrevivência que propomos para fazer face ao seu depressivo cinismo, é agarrar aquilo que agora, como ontem como sempre nos pode valer, ou seja, as balizas orientadoras constituídas pelas causas, pelos valores e pelos princípios, condimentos que estimularão depois as verdadeiras e naturais ligações emocionais, virando as pessoas umas para as outras, induzindo nelas sensações satisfatórias de eficácia e diversão e um racional sentido de responsabilidade por si e pelo próximo, ajudando-as a encontrar dessa forma um sentido real para a autenticidade da sua existência.
Manuel Pinto Coelho
(Presidente da APLD)
Manuel Pinto Coelho
Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Director Clínico do Serviço Médico Permanente S.A. desde 2003. Desempenhou funções em diversos organismos privados ligados à problemática da droga e é presidente da Associação Para Um Portugal Livre De Drogas(APLD) desde a sua fundação em Julho de 2004. É autor de vários livros dedicados à temática da Toxicodependência.
Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Director Clínico do Serviço Médico Permanente S.A. desde 2003. Desempenhou funções em diversos organismos privados ligados à problemática da droga e é presidente da Associação Para Um Portugal Livre De Drogas(APLD) desde a sua fundação em Julho de 2004. É autor de vários livros dedicados à temática da Toxicodependência.
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