Reflectindo sobre
a forma como a espiritualidade demagógica se entronizou nos altares dos capacitados, desfolhada em pacotes para todos os gostos, em competições
renhidas, lembrei de Agostinho da Silva.
Salvaguardando todas as crenças sérias, ancestrais, de profundos saberes, cujas metas são a libertação do ser humano do obscurantismo, e fazendo jus ao
velho ditado de que “santos de casa não fazem milagres” pergunto-me que razões
empurram as pessoas na busca de gurus do oriente místico - de estranhas mezinhas dos confins do mundo - de iluminados dos frios solos nórdicos – dos
especialérrimos merchandise das américas, e quantos mais, cujos "saberes" se tornaram uma teia de negócio em cujos catálogos abundam
as mais variadas soluções para nos fazerem mudar de vida…
Em Portugal, o tal país sacerdotal, aquele que é o
cálice do 5º Império, do Santo Espírito, detém, e como não podia deixar de
ser tendo em conta a sua profetizada missão, um imenso rol de sábios, mestres,
filósofos, em cujos legados se encontram directrizes do percurso do homem,
mistérios descerrados, saberes partilhados...
- Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Fernando
Pessoa, e alguns mais, são descodificadores por excelência dos segredos
metafísicos. Nas nossas bibliotecas, quiçá nas nossas estantes, temos os
códigos que afincadamente procuramos, provavelmente, sob premissas erradas.
Daí a minha
reflexão de hoje focar o grande filósofo e humanista que foi Agostinho da Silva,
cuja obra é um tratado de “vida” que desmistifica a ilusão colectiva de que
algum “milagreiro” nos vai arrebatar das condições programadas nos mais altos
planos dimensionais para a concretização da nossa missão de vida, mas
sabiamente, nos elucida de forma simples e concreta, de soluções para a
transcendência gradual desses desafios (finalidade da missão) e cujos
enunciados são trabalho, singeleza, honestidade, fraternidade.
Após 24 anos da sua partida, expresso a minha homenagem a um grande
Mestre dos nossos tempos.
Maria Adelina
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