O suicídio analisado pelo Espiritismo
O suicídio é a interrupção da vida
(óbvio). Mas nesta frase se encontra a chave de todo o drama que o suicida
passa após a morte. Assim como o mais avançado dos robôs, ou simples um radinho
de pilha, o corpo também tem sua bateria, e um tempo de vida útil baseado
nesta carga. De acordo com nossos planos (traçados do "outro lado")
teremos uma carga X de energia, que pode ser ampliada, se assim
for necessário. Então, um atentado contra a vida não é um atentado exactamente
contra Deus, mas contra todos os seus amigos, mentores ou engenheiros
espirituais que planejaram sua encarnação nos mínimos detalhes, e contra a
própria energia Divina que foi "emprestada" para animar seu veículo
físico de manifestação: seu corpo. Equivale aos EUA gastar bilhões pra mandar
um homem a Marte, e quando ele estivesse lá resolvesse voltar porque ficou com
medo ou sentiu saudades de casa. Todos os cientistas envolvidos na missão
ficarão P da vida, e com razão. Afinal, quando ele se candidatou para a missão
estava assumindo todos os riscos, com todos os ónus e bónus decorrentes de um
empreendimento deste tamanho. Quando esse astronauta voltar à Terra vai ter
trabalho até pra conseguir emprego de gari. É mais ou menos assim no plano
espiritual. Um suicida nunca volta pra Terra em condições melhores do que
estava antes de cometer o autocídio.
Segundo Allan Kardec, codificador do
espiritismo, "Há as consequências que são comuns a todos os casos de
morte violenta; as que decorrem da interrupção brusca da vida. Observa-se
a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito ao
corpo, porque este laço está quase sempre em todo o vigor no momento em que foi
rompido (Na morte natural ele enfraquece gradualmente e, às vezes, se desata
antes mesmo da extinção completa da vida). As consequências desse estado de
coisas são o prolongamento do estado de perturbação, seguido da ilusão que,
durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se
encontra no mundo dos vivos. A afinidade que persiste entre o Espírito e o
corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de recuperação do estado do corpo
sobre o Espírito (ou seja, o espírito ainda sente, de certa forma, as acções
que o corpo sofre), que assim se ressente dos efeitos da decomposição,
experimentando uma sensação cheia de angústias e de horror. Este estado pode
persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida.
Assim é que certos Espíritos, que foram
muito desgraçados na Terra, disseram ter-se suicidado na existência precedente
e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais
resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que
inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores,
cujo acesso, porém, se lhes conserva interditado. A maior parte deles sofre o
pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só decepções encontram."
Algumas máximas do espiritismo para o
caso de suicídio:
As penas são proporcionais à consciência
que o culpado tem das faltas que comete.
Não se pode chamar de suicida aquele que
devidamente se expõe à morte para salvar o seu semelhante.
O louco que se mata não sabe o que faz.
As mulheres que, em certos países,
voluntariamente se matam sobre os corpos de seus maridos, obedecem a um
preconceito, e geralmente o fazem mais pela força do que pela própria vontade.
Acreditam cumprir um dever, o que não é característica do suicídio. Encontram
desculpa na ignorância em que se acham.
Os que hajam conduzido/induzido alguém a
se matar terão de responder por assassinato, perante as Leis de Deus.
Aquele que se suicida vítima das paixões
é um suicida moral, duplamente culpado, pois há nele falta de coragem e
bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.
O suicídio mais severamente punido é
aquele que é o resultado do desespero, que visa a redenção das misérias
terrenas.
Pergunta - É tão reprovável, como o que tem por causa o desespero, o suicídio daquele que procura escapar à vergonha de uma acção má?
Resposta dos espíritos - O suicídio não apaga a falta. Ao contrário, em vez de uma, haverá duas. Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso ter-se a de lhe sofrer as consequências.
Será desculpável o suicídio, quando
tenha por fim impedir a que a vergonha caia sobre os filhos, ou sobre a
família?
O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, isso é levado em conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Aquele que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma acção má, prova que dá mais apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas iniquidades, tendo-se privado dos meios de repará-los aqui na Terra. O arrependimento sincero e o esforço desinteressado são o melhor caminho para a reparação. O suicídio nada repara.
O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, isso é levado em conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Aquele que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma acção má, prova que dá mais apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas iniquidades, tendo-se privado dos meios de repará-los aqui na Terra. O arrependimento sincero e o esforço desinteressado são o melhor caminho para a reparação. O suicídio nada repara.
Que pensar daquele que se mata, na
esperança de chegar mais depressa a uma vida melhor?
Outra loucura! Que faça ele o bem, e mais cedo irá lá chegar, pois, matando-se, retarda a sua entrada num mundo melhor e terá que pedir lhe seja permitido voltar, para concluir a vida a que pôs termo sob o influxo de uma ideia falsa.
Outra loucura! Que faça ele o bem, e mais cedo irá lá chegar, pois, matando-se, retarda a sua entrada num mundo melhor e terá que pedir lhe seja permitido voltar, para concluir a vida a que pôs termo sob o influxo de uma ideia falsa.
Não é, às vezes, meritório o sacrifício
da vida, quando aquele que o faz visa salvar a de outrem, ou ser útil aos seus
semelhantes?
Isso é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não constitui suicídio. É contrária às Leis cármicas todo sacrifício inútil, principalmente se for motivada por qualquer traço de orgulho. Somente o desinteresse completo torna meritório o sacrifício e, não raro, quem o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui o valor aos olhos de Deus. Todo sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um acto soberanamente meritório, porque resulta da prática da lei de caridade. Mas, antes de cumprir tal sacrifício, deveria reflectir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte.
Isso é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não constitui suicídio. É contrária às Leis cármicas todo sacrifício inútil, principalmente se for motivada por qualquer traço de orgulho. Somente o desinteresse completo torna meritório o sacrifício e, não raro, quem o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui o valor aos olhos de Deus. Todo sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um acto soberanamente meritório, porque resulta da prática da lei de caridade. Mas, antes de cumprir tal sacrifício, deveria reflectir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte.
Quando uma pessoa vê diante de si um fim
inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus
sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?
É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. Não há culpabilidade, entretanto, se não houver intenção, ou consciência perfeita da prática do mal.
É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. Não há culpabilidade, entretanto, se não houver intenção, ou consciência perfeita da prática do mal.
Conseguem seu intento aqueles que, não
podendo conformar-se com a perda de pessoas que lhes eram caras, se matam na
esperança de ir juntar-se a eles?
Muito ao contrário. Em vez de se reunirem ao que era objecto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo.
Muito ao contrário. Em vez de se reunirem ao que era objecto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo.
Fonte:
Livro dos espíritos
Livro dos espíritos
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