Está escrito no Evangelho de São João (9: 4-5):
«É preciso que eu faça as obras d’Aquele que me enviou enquanto é dia; a noite
está a chegar e, então, ninguém poderá trabalhar. Enquanto estiver no mundo, eu
sou a luz do mundo.»
E, mais adiante (11: 9-10):
«Aquele que caminha durante o dia não tropeça, pois vê a luz deste mundo; mas
aquele que caminha durante a noite tropeça, porque a luz não existe
nele.»
Estas palavras são repetidas, sob outra forma, no capítulo seguinte (12:
35-36):
«A luz estará por pouco mais tempo no meio de vós. Caminhai enquanto tendes a
luz, para que as trevas não vos surpreendam; aquele que caminha nas trevas não
sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz, acreditai na luz, para vos tornardes
filhos da luz.»
“ Nestas três passagens que acabei de ler-vos, é necessário compreender, antes
do mais, que Jesus não se refere ao dia físico. Ao usar as palavras “dia” e
“luz”, ele subentende períodos em que a terra recebe certas influências, certas
ondas benéficas, graças às quais os homens podem aperfeiçoar-se, evoluir. Eles
devem, portanto, aproveitar a passagem dessas ondas luminosas e vivificadoras,
pois, a partir do momento em que estas deixarem de se manifestar, eles já não
terão as mesmas possibilidades para trabalhar.
Na Índia, designa-se por yuga cada um dos diferentes períodos que a humanidade
tem de atravessar ao longo da sua evolução. Os hindus dizem que estamos a sair
da Kali-yuga, a época das trevas marcada pelo materialismo, pela violência,
pelo desencadear desenfreado das paixões. Está a surgir, pois, uma nova era
para os filhos de Deus. Eles devem aproveitá-la, senão as ondas benéficas deste
novo período não servirão para nada.
Cada raio do sol é uma força. No futuro, a humanidade já não se servirá nem de
madeira, nem de carvão, nem de gasolina, e trabalhará unicamente com os raios
do sol. As fontes de energia atuais não podem durar eternamente, estarão
esgotadas em breve e, então, o homem será obrigado a voltar-se para energias de
natureza mais subtil que, essas sim, são inesgotáveis. O homem aprenderá também
a curar-se com as cores e a captar as energias dos raios solares. Os raios
solares têm um poder inimaginável que, ao penetrar nas coisas, produz nelas
grandes transformações.1 Cada raio luminoso é habitado por entidades, que se
manifestam de maneira diferente consoante a sua cor: vermelho, azul, verde,
amarelo... Quando esses raios são projetados sobre seres vivos, fazem neles um
enorme trabalho. É por isso que os Iniciados se servem da luz e das cores para
agir utilmente sobre os humanos.
Os verdadeiros grandes Mestres da humanidade ensinam os seus discípulos a
trabalhar com a luz. Existem sete cores e a cada uma delas corresponde uma
virtude. Por isso, devemos saber que cada erro que cometemos faz diminuir em
nós o poder que corresponde a uma dessas cores. Os verdadeiros Iniciados sempre
trabalharam com a luz, pois só a luz nos dá o verdadeiro poder, o verdadeiro
saber. Há muitas pessoas que procuram grandes segredos e imaginam que se
tornarão grandes magos pronunciando determinadas palavras, fazendo certos
gestos e trazendo consigo um dado talismã. Mas os seres superiores não
respondem a esses apelos e só os seres dos níveis mais baixos – os elementais e
os monstros – se aproximam delas.
Se queremos atrair a luz celeste, os anjos, os arcanjos, devemos utilizar o apelo
das virtudes, pois as entidades superiores só são atraídas pela pureza, pelo
amor, pela verdade. Não se pode compreender os grandes mistérios se se vive
como um homem vulgar. O mundo invisível dá-nos em função daquilo que nós
próprios fazemos. Quanto mais recusarmos as actividades e os prazeres
inferiores, quanto mais renúncias e sacrifícios fizermos, mais bênçãos
receberemos do mundo invisível. Eu já vos expliquei esta lei na conferência
sobre o administrador infiel.3 A individualidade, a natureza divina, não pode
manifestar-se naqueles que só vivem para a personalidade, que não lhe recusam
nada.
Vós dizeis que amais a verdade. Eu não me apercebo disso, pois quem gosta
verdadeiramente de qualquer coisa faz sacrifícios para a obter e recusa-se a
viver tudo o que pode impedi-lo de encontrar aquilo de que gosta. Ora, vós não
prescindis de nada; portanto, não vinde dizer-me que amais a verdade. Os homens
querem entrar no Reino de Deus com rebanhos de ovelhas, com porcos, galinhas,
coelhos; nem sequer vêem que os animais que eles comeram caminham a seu lado.
Mas esses animais estão presentes e gritam: «Por que é que me tiraste a vida?
Eu queria evoluir, queria viver. Por que é que me mataste para me comer? Então,
agora faz-me evoluir em ti, porque eu também vim à terra para aprender.»
Sim, os animais que comestes estão dentro de vós e podeis aperceber-vos da sua
presença nos impulsos de ódio, de cólera, de inveja, de sensualidade, que vos
atravessam. Vós direis que estamos no reino dos homens... De maneira nenhuma!
Através dos homens, é ainda o reino dos animais que se manifesta. O verdadeiro
homem é aquele que compreende e que cumpre a vontade de Deus. Ora, os humanos
vivem constantemente com angústia, com ódio, com inveja, com medo, com cólera.
Pensais que é isso o reino dos homens? Não, esse ainda não veio; de vez em
quando, ele manifesta-se um pouco, algures, mas não passa disso. Quando vier
realmente o reino dos homens, aquilo a que a Tradição chama “a sexta raça”,
tudo será transformado.
A Ciência esotérica ensina-nos mesmo que, no futuro – um futuro longínquo,
evidentemente –, os homens deixarão a terra para viverem noutros planetas, e
que os animais é que herdarão a terra. Então, para comunicarem entre si, os
homens utilizarão o pensamento, o olhar, as cores. Bastará enviar um olhar, mas
será um olhar tão magnífico, que aquele que o receber nunca mais o
esquecerá.
Na sexta raça, os homens desenvolverão sobretudo o sentimento fraterno. Na
quinta raça, o desenvolvimento quase exclusivo do intelecto teve como
consequência uma atitude de agressividade, de crítica, de separatividade, e é
por isso que os homens não são felizes. Agora, eles devem procurar desenvolver
outra coisa: a sua alma. Mas a alma só pode desenvolver-se na vida fraterna,
onde, tal como abelhas que se reúnem para preparar o mel, todos trabalham para
cumprir a vontade de Deus, a fim de fazerem descer o seu Reino à terra. Na
sexta raça, os homens realizarão o amor e a sabedoria; na sétima raça, será a
verdade que se revelará. A quinta raça era a raça do intelecto; a sexta raça
será marcada pelas trocas entre os homens, pela fraternidade. “