O
caminho para a Alma é o caminho para fora da Mente. A Alma e a Mente não
existem no mesmo lugar. Não podem andar de mãos dadas, por assim dizer; elas
podem funcionar conjuntamente, mas não podem ocupar o mesmo espaço. Não são uma
e a mesma, nem deviam ser pensadas como idênticas. A Mente é uma coisa, a Alma
é outra completamente diferente. Ambas têm uma finalidade e uma função na
experiência humana.
O
problema com a Vida é que nós não a entendemos. E é por isso ela se tornou tão
problemática.
Muito
pouco na Vida está funcionando da forma como deveria estar. Eu quero dizer, não
era para ser esta ruptura, esta desarticulação, este desapontamento. Nunca
houve a intenção de que fosse esta dificuldade ou esta injúria ou este desafio.
Tendo
isto sido dito, toda a Vida é desafiadora desde o início, para cada espécie
emergente, porque todas as espécies passaram os seus momentos de
desenvolvimento iniciais tentando descobrir as coisas, tentando “perceber” o
que se passava, tentando compreender o que não compreendiam… a compreensão do
que mudaria tudo.
Nós,
humanos, passamos, de longe, muito mais tempo nesta parte do processo
evolutivo. E quando as espécies passam muito tempo na sua fase inicial de
desenvolvimento, correm o perigo de nunca mais sair dessa fase - a razão
principal pela qual, funcionando a partir de um nível de consciência
extremamente limitado, as espécies simplesmente se extinguem por força dos seus
próprios comportamentos.
Ela
o faz por si mesma. Extingue-se na sua Forma de Vida particular. Não a Própria
Vida, mas a Vida nessa forma específica.
Este
é o perigo que nos espreita. Nós humanos somos como espécies emergentes, não
cometamos erros com isto. Não façamos interpretações erradas à volta disto.
Qualquer um que pense que o Homo Sapiens é uma espécie altamente evoluída
precisa apenas olhar para os nossos comportamentos colectivos. Será rapidamente
desenganado desta noção.
Assim,
vamos ser claros. Estamos nos momentos iniciais do nosso desenvolvimento, da
nossa evolução. Estamos ainda tentando descobrir as coisas, ainda tentando
compreender o que se passa aqui. E estamos cometendo um erro enorme à medida
que procuramos as nossas respostas: estamos usando a nossa Mente como a nossa
principal ferramenta de investigação.
Trata-se
de um enorme erro porque as respostas que procuramos não vão ser, e não podem
ser nunca, encontradas na nossa Mente. O que é tentador é que quase podemos
chegar lá. Quase podemos compreender. Mas não podemos perceber plenamente o que
precisamos perceber a fim de nos movermos do processo evolutivo para diante,
senão em ritmo mais lento.
E
então nós nos encontramos numa imobilização virtual. Não fizemos nenhum avanço
evolutivo durante milhares de anos.
Ainda
pensamos que estamos separados uns dos outros e de tudo o mais.
Ainda
pensamos que “não há o suficiente”, e que temos que lutar uns com os outros
para termos o “suficiente”.
Ainda
pensamos que temos que nos matar se não tivermos o “suficiente” lutando uns com
os outros.
Ainda
pensamos, mesmo depois de termos o “suficiente”, que não temos o “suficiente”.
Estes
são os pensamentos das espécies iniciais, de uma raça muito primitiva. E estes
são os mesmos pensamentos que conduzem o motor da atual experiência da
humanidade – da nossa economia, da nossa política, dos nossos sistemas sociais
de todo o tipo e, sim, mesmo das nossas religiões.
Estes
são os pensamentos que contamos à nossa descendência nas estórias a que
chamamos “educação”. E o problema é que estes são apenas os “pensamentos”.
Enquanto
ficarmos com os nossos “pensamentos” e lhes chamarmos “verdade”, nós
permaneceremos como espécies primitivas. Enquanto insistirmos em usar a nossa
Mente como a ferramenta principal das nossas investigações, estaremos perdidos
no labirinto, incapazes de encontrar o nosso caminho para fora dele.
Permaneceremos numa prisão elaborada por nós mesmos.
O
que nós precisamos agora é o que o filósofo Alan Sahsa Lithman chama de “uma
mutação de consciência”.
Neale
Donald Walsch
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