O Ego e a Alma
É verdade. Já tanto se
falou sobre o ego e tanto ainda há para se falar. O ego é um sistema criado
para a defesa da sobrevivência. Não se alterou muito desde a pré-história. A
sua função é basicamente garantir alimentação, abrigo e reprodução. A função do
ego é a de fazer -nos ir caçar javalis, arranjar um tecto e um cobertor, e
garantir a perpetuação da espécie. E tem toda a liberdade de acção dentro da
nossa mente, para que estas funções sejam asseguradas. Ele pode impor-nos
raiva, revolta, vitimização, pode dar -nos argumentos lógicos - mesmo que nós
saibamos que não são assim tão lógicos - para nos convencer que estas três
funções são a prioridade da nossa vida. Comer, abrigar -se e reproduzir. Não
necessariamente nesta ordem. E a coisa tem funcionado bem até agora.
A questão é que já não
estamos na pré-história. A energia do ser humano está a evoluir. Está a subir
de frequência vibratória. E quando uma pessoa eleva a sua frequência, começa a
conseguir compreender a importância de outro tipo de coisas, tais como ser
feliz, realizar os seus sonhos, cumprir a sua missão na Terra e elevar a sua
energia, de modo a ter uma vida em Luz... cá em baixo. E todos estes conceitos
tão subtis fazem parte de um outro universo. O universo da Alma. Então estamos
perante um dilema cósmico. O ser humano já evoluiu tanto que já compreende as
questões inerentes à Alma, mas ainda não sabe onde ela está nem como se
manifesta.
A Alma é a nossa mais
alta energia. Tem um universo próprio, que reside no nosso sistema energético.
Raramente interage com o universo da matéria, mas quando autorizamos que tal
aconteça dá-se o êxtase. O êxtase é um choque de universos, em que o corpo
recebe uma descarga de Luz. Normalmente acontece em Meditação. Hoje posso
garantir que cada um dos êxtases que tive nas minhas meditações ajudaram a
elevar a minha frequência vibratória, acederam ao núcleo das minhas células e
alteraram o meu ADN. Eu não sou a mesma pessoa que era. Não sou mesmo.
A nossa Alma quer
amor, ela sabe que todos somos energia, que viemos todos do mesmo lugar. Como
ouvi um dia e acredito, "somos poeira estelar". É que lá no mais
íntimo de cada um de nós, sabemos que não somos separados, nem uns dos outros,
nem da natureza, nem mesmo do resto do Universo. Sofremos quando outro ser
humano sofre, arrepiamo-nos quando a Terra devolve com destruição todo o mal
que lhe fazemos e somos capazes de parar tudo para ir salvar um gatinho preso
nos escombros. Quem chora quando vemos homens a assassinar animais por puro
prazer? É a nossa Alma.
Quem pede pelo fim das
guerras e anseia que finalmente a paz se estabeleça? A nossa Alma. No pólo
oposto, quem é que assassina animais por puro prazer? Quem faz as guerras? Quem
rejeita a paz? O nosso ego. O ego considera que somos feitos de matéria, não de
energia. Por isso ele considera o que vê. Homens separados de homens, da
natureza do Universo. Então se somos separados, podemos matar, violar, agredir.
Não nos toca. Só pode ganhar um. Uma das funções do ego é a de garantir a
sobrevivência. Inclusive através da negação da dor. Se numa outra vida morremos
afogados, por exemplo, qualquer aproximação ao mar faz tocar a campainha do
perigo:
- "Vais
morrer!"
- "Ir nadar?
Nunca!"
e o ego envia sinais
urgentes sob a forma de medo, ataques de pânico ou de ansiedade.
- "Se ali dói,
não vamos para ali, porque dor é sinónimo de morte, e tu tens que sobreviver.
Se ali dói, vamos para outro lugar."
De preferência, para o
lugar oposto. E o ser aprende a fugir da dor. Vezes e vezes sem conta. E assim
se criam os padrões. De tanto fugir da dor e de ir para o oposto desta, cria
-se um padrão repetitivo de comportamento. Vai -se alimentando a tão conhecida
caixinha de soluções - sempre as mesmas soluções - que o ego utiliza para
resolver os problemas. E mesmo que essas velhas soluções não resolvam os
problemas, o ego não verga.
- "Correste
pouco!", diz.
- "Esforçaste -te
pouco!"
e lá vamos nós correr
mais um bocadinho na direcção pré-histórica que nos irá render, no melhor dos
casos, mais um javali. Nunca, jamais, um êxtase.
Já Einstein dizia:
- "Demência é
fazer sempre as mesmas coisas à espera de resultados diferentes."
Só depois de uma
profunda compreensão do que é o ego e de como ele tenta boicotar as
manifestações da nossa Alma é que estamos preparados para o começar a
trabalhar. E só quando entendemos que o nosso sistema mental é dominado por
este é que compreendemos porque é que a nossa cabeça não para. Porque é que não
relaxa. Porque se parar, se relaxar, vamos aceder à nossa Alma, um portal
proibido, um universo novo onde moram todos os sentimentos nobres que são dados
a experienciar ao novo homem, mais evoluído.
Mas se nos
abandonarmos a esses sentimentos nobres, podemos afastar-nos da tríade da
sobrevivência: comida, tecto e reprodução. Como resolver?
Através de uma das
grandes Leis Universais: Harmonização dos opostos.
Por isso é que a
experiência na matéria é tão difícil. Por causa da harmonização. Não se trata
de aniquilar o ego. Assim seria fácil. Era só fazer um voto, um compromisso de
não utilizar mais o ego na minha vida. Pronto.
Mas não é isso que
está a ser pedido. O ser humano deverá aprender a utilizar o seu ego sem se
deixar dominar por ele. Deverá saber quando é que o ego é adequado e quando é
que ele se deverá retirar e deixar a Alma manifestar -se. Porque enquanto o ego
é o responsável pela nossa estada na Terra, a nossa Alma é a responsável pela
nossa evolução, para que não tenhamos que encarnar sempre e sempre para
aprender as mesmas lições. E a harmonização destes dois opostos é talvez uma
das tarefas mais difíceis das experiências da matéria. Porque sempre que pender
para um dos lados o resultado será catastrófico. Pelo contrário, se o homem
conseguir harmonizar os dois, um grande caminho de Luz se abre e ele pode
finalmente caminhar rumo à evolução.
Alexandra Solnado
in "Conexão - O
que Jesus me ensinou"
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