Lamentavelmente, em geral, as ilusões são mais sedutoras que a libertadora capacidade de desfazê-las.
Nunca fui procurado
por alguém se sentindo feliz por se ter “desiludido” em relação a qualquer
coisa.
Ao contrário, eles
chegam invariavelmente amargurados por terem descoberto que o fulano, ou a
ideologia, ou o contrato, ou o antigo credo, ou o sócio… haviam traído sua
boa-fé. Tais pessoas se espantam quando sugiro que festejem a “desilusão”.
Por que, quando por
exemplo, morre um ser amado, o normal é o desespero e a depressão?
Só pode ser porque o
ser amado, que era mortal, imprudentemente era visto como imortal. Pelo mesmo
auto-engodo, entra em parafuso o indivíduo sem discernimento que confia na
perenidade de suas tão idolatradas propriedades.
Por que tantos matam e
se matam à caça de dinheiro? Porque se iludem, vendo o dinheiro como o fim
maior de suas vidas, quando não é. O dinheiro não passa de um meio.
Enquanto a ilusão nos
retém num ponto qualquer do caminho, a “desilusão” vem desencalhar, e só desencalhados
conseguimos avançar. Então, por que lamentar? Não é melhor festejar o
desencalhe?
Se nos deixamos
iludir, o que nos resta é procurar identificar por que e como aconteceu.
Nada a lamentar.
Nada de amaldiçoar
aquele que não correspondeu à nossa confiança.
E está na hora de
reafirmar que perdoar é fantasticamente bom.
Às vezes, o que
chamamos traição acontece porque estivemos, lamentavelmente, esperando colher
flores de uma planta brava que só tinha espinhos para dar.
A culpa é da planta ou
nossa? Temos sempre o que aprender da experiência desagradável.
E sempre temos de
festejar a “desilusão”.
Isso nos ajuda a
continuar caminhando no rumo da Verdade que liberta.
Hermógenes
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