Coisas
do destino
Em
certa medida, o nosso destino está traçado e o livre arbítrio é a vontade que
nos impele a cumpri-lo. O grande obstáculo (problema) pessoal de cada um está
na resistência em aceitar essa directriz – quanto maior a resistência maior
sofrimento. A luta entre o que se deve fazer e a negligência é que consome o
homem pelo anseio da liberdade, ou seja, ao fazer o que lhe compete de forma
correcta, está de facto, a usar o seu livre arbítrio de acordo com o destino ou
o que se propôs realizar numa vida - antes de ter nascido - sendo esta a
liberdade do livre arbítrio. Paradoxalmente, quando se pensa que se tem
liberdade para usar o livre arbítrio, fugindo do que deve fazer, acaba por
estagnar a própria evolução de vida, pensando erradamente que se está a ter liberdade
para escolher.
É por isso que existem os guias e os mestres invisíveis ou até anjos para
ajudar os seres humanos a cumprir o seu destino, até haver uma maturidade
espiritual suficiente para compreender que a liberdade reside não na
resistência, mas na colaboração com os desígnios universais dos quais fazemos
parte. Num caminho espiritual realizado conscientemente vai-se purificando a
mente, apaziguando a rebeldia, até chegarmos à compreensão de que fazemos parte
de um todo onde a liberdade de escolha é por fim, unicamente o certo.
As leis sociais, onde se incluem a justiça, a moral e a educação conduzem os
homens para que aprendam a respeitar os outros e a si mesmo, ao mesmo tempo que
ensinam a usar o livre arbítrio conducente com o seu dever como Ser e cidadão;
estas leis conduzem a sociedade. Aquele que usa a sua liberdade para as acções
correctas não precisa de leis; individualmente é responsável. Eis aqui a
verdadeira liberdade e a real compreensão do livre arbítrio.
Os pássaros voam em bandos, as águias voam sozinhas.
Na realidade, o livre arbítrio leva-nos a cumprir o nosso destino e como ele
vem em parte determinado, ele vai-se cumprindo com maior ou menor “empurrão”,
diluindo a resistência. Quando o homem pela evolução espiritual consciente adquire
maior clareza mental, pode então ver o objectivo do seu próprio destino, onde a
meta máxima é, de facto, o bem. Se todos cumprirem o seu trabalho, que é a
realização humana e espiritual consciente, naturalmente, que cumprirá a
Unicidade por si só. O livre arbítrio deixou de ser um capricho de liberdade,
mas de responsabilidade no uso dessa liberdade.
Maria
Ferreira da Silva
14 Abr 2016
"Consiste o livre arbítrio em voluntariamente cumprir o fado" - Agostinho da Silva.
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