O equívoco da Inacção e do Silêncio
Os confortados
e conformados na auto-ilusão de haverem adaptado a seu gosto as “máximas” de
algumas filosofias e religiões tornaram-se os fariseus que Jesus abominava.
Na mais
grave das hipocrisias, untam-se com o óleo de teorias decoradas, empanturram-se
de conceitos embalados, finos confettis que degustam à sobremesa das suas vidas
activas de arrogância, desperdício, indiferença, perversidade, ambição,
egocentrismo.
Torna-se
tabu e tema non grato, abordar o jejum de hábitos enraizados e meios
desperdiçados em agressões à natureza que tantos praticam como divertimento:
- Desportos
onde prima a violência individual, grupal, ou contra animais
- Ajuntamentos
(festivais) de milhares de jovens (e menos jovens) onde “a música” é porta
aberta a todos os excessos
- A falta
de respeito pelo meio ambiente e a inexistência de qualquer sentido ecológico dos
veraneantes que no seu país, ou noutros, se vestem da alienação a que chamam
férias
- A
prática de laços sociais caracterizados pela demonstração de posses e de poder,
onde a amizade é pontilhada de sinuosos e subjectivos interesses.
No
enquadramento dos espasmos humanitários que sacodem o planeta, li há dias como
título de um artigo a celebre frase da Bíblia “ Que fizeste de teu irmão?”
Creio que
actualmente seria muito mais apropriada outra colocação: Que não fizeste a teu irmão?
- Não o chocaste com teu proceder?
- Não
desperdiçaste os meios que são de todos?
- Não
enganaste para te engrandeceres ou aproveitares de qualquer forma?
- Não foste
omisso ao sofrimento de outrem?
- Não
foste negligente com a Mãe Terra ou com os animais?
Esta é a
Inacção (naturalidade compassiva) que supre os carris da evolução.
Este é o
Silêncio (meditativo e altruísta) laborioso e criador.
Taoismo –
Budismo – Cristianismo – Hinduísmo, tantas fontes por onde jorram lianas de
sustentação e amplitude de consciência. Sejamos nobres o suficiente para
perceber que estas não são mecanismos automatizados que instantaneamente transportam
os seus seguidores ao Olimpo dos justos e dos santos.
São lianas
que é preciso subir a pulso na mais límpida honestidade, aquela que só o nosso
coração vê e sente.
Que não fizeste a teu irmão?
Maria
Adelina de Jesus Lopes
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