O
Convidado
Não
demos por ele chegar…
-
será que arribou com o primeiro trinar da madrugada inquieta de sono
arredio, pela ânsia de o ver chegar
- ou
talvez pela cascata de cristal, que sem pressa, se redime no sem-fim do
tempo amaciando com doçura arestas conflituantes
-
será que veio nos rostos sulcados dos mercadores cuja esperança alimentamos
com sorrisos de ser
- ou
quiçá, no embalo ondulante do carvalho secular que atapetou o chão da cor do
fulgor
-
seria na fusão do tempo e espaço, no linguajar cantante do rio a montante, garimpo
das raízes que a história apagou
-
quem sabe ainda, se na travessia da equação, emoções curadas, amores
embalados…apenas…em tule de terna recordação
-
estaria entre as margens? do passado e do presente, em que a bruma aponta
firmemente…caminha…
As
horas escoavam-se pelas mãos laboriosas no pormenor, no sabor, temperadas de
música, perfumadas de tanto amor…o convidado estava a chegar…
E o
momento plasmou, a mesa conjugou a alquimia, partilha do pão e do vinho,
bálsamo de lágrimas que à terra elevou, e a sublime voz murmurou:
"Porque Me esperais? Se nunca Me ausentei!
Sou
o saber das vossas mãos, a fé que vos move, a cura no vosso olhar, o amor que
espelhais.
Sou
a magia que co-criais, abundância da fonte suprema, que se tornam no meu corpo
e sangue… em que renasço… sempre e quando, a partilhais"
Uma história real de um qualquer dia de celebração
Maria
Adelina
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