Até onde nos leva um
cão chamado Simba
Há
dias perguntaram-me: se não me preocupavam os acontecimentos do dia-a-dia, o
inferno que é a vida…que como podia eu ter cabeça para escrever poesia?...
E
como ninguém gosta de passar por desinformada,
eu para não ficar mal abri a porta do inferno (sim porque normalmente mantenho-a
fechada), a ver se encontrava uma resposta para dar, e para ver se
continuava tudo igual…
Num
lapso deu para avaliar o agravamento da paupérrima qualidade da programação das
televisões públicas que oprimem o discernimento, estimulam a frustração,
transportando os assíduos a mundos onde se diluem os valores e a civilidade, a
falta da mais básica cultura, o incentivo à desumanidade, a notícia
convencionada e concertada pelos poderes da mídia global…debates futebolísticos
que ocupam todos os canais em simultâneo em horário nobre - tortura de animais
chamada tourada - arenas (estádios de futebol) onde os adeptos se gladiam entre
facções ou quando a sua equipa perde, a animalidade volta-se contra a sua
própria equipa – Uma tal “Casa dos Segredos” que destitui o ser pensante da
faísca evolutiva que nos fez chegar até aqui (mas que parece ter assistentes VIP e grande aceitação…). O meu povo,
o meu amado povo está cego…
Da
e à política não concedo palavras, a todo o espectro dos políticos actuais
considero traidores à pátria, exterminadores de uma raça, a nossa. Política
nunca poderá ser profissão, política é missão! Remédio apenas um, 100% de votos
em branco em todas as eleições próximas. Do centro do furacão vão emergir mulheres
e homens, que darão um passo à frente e saberão, por amor e missão, levantar Portugal.
E
como moscas em poio saltam aos olhos… a condenação de um agente da lei porque
fez o seu trabalho enquanto que o delinquente recebe indemnização – a benignidade
das condenações ou ilibações de violadores e pedófilos – a dança das cadeiras de
politico/delinquentes que por artes mágicas são ilibados ou nem sequer acusados
e passado algum tempo ocupam de novo lugares públicos… Que é feito do honor e
da coragem dos justos Juízes? Que é feito da inteligência dos legisladores? Que
é feito da imparcialidade de quem aprova as leis? – O meu povo, o meu amado povo
está cego…
Caem
como tordos, esta expressão bem pode ser aplicada às mulheres que são vitimas
de maridos, companheiros, namorados…além da culpa individual adensa-se a sombra
da culpa maior, a ignorância, a falta de educação, a diluição de valores
humanísticos, e estas são uma atribuição das regras sociais e educacionais que
são da ingerência de governos mas também da responsabilidade civil dos meios de
comunicação social…pois é…as telenovelas, as casas dos segredos e afins…será
que alguém se dá ao trabalho de reparar nos exemplos que estes espectáculos passam
às crianças, aos jovens, e ao estímulo das deformações morais dos adultos?
Quantas famílias pensam nisto quando permitem que este invasor, a televisão, eduque
as suas crianças, entretenha os seus jovens? O meu povo, o
meu amado povo está cego…
Quente
quente está a tragédia do “Simba”, lamentável actuação de um “ser humano”. Mas
no meio das inúmeras vozes e campanhas que clamam justiça, devemos alargar a
fenda da indignação…porque isto amigos é apenas o fumo do inferno que espirrou:
-
Quantos psicopatas obtêm armas de forma legal sem qualquer dificuldade? Todas
as pessoas que requisitam armas, deviam ser
sujeitas a testes psíquicos com regularidade
-
Qual o grau duma civilização que permite legalmente e seja normal nas melhores famílias,
a aceitação da Caça e que lhe chamem desporto? Matar é um desporto? Ir desanuviar,
sentir prazer em chacinar animais é normal? Acredito que em circunstâncias apropriadas
à desarmonia mental e de falta de respeito pela vida, qualquer pessoa armada e
que mata por norma, dispararia sobre uma criança, homem ou mulher, tal como
disparou sobre um cão chamado Simba. Mas também esta é uma situação que vai
além da sentida morte deste animal, é um problema de consciência colectiva,
social, e esta consciência começa sempre no comportamento individual.
O
Inferno tem portas largas, seria um nunca mais acabar o analisar as labaredas doutras
coordenadas geográficas, mas por hoje chega! Fechei a porta!
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Volto-me para o meu trabalho, em consciência
-
Volto-me para todos que cruzam a minha vida, em colaboração e respeito
-
Volto-me para mim mesma, em análise diária de como superar as minhas falhas
-
Varro em frente da minha porta
E
com isto o meu tempo cresce para receber a poesia, e esta faz parte de tudo
quanto olhamos, fazemos e acarinhamos, em amor, em consciência…
Maria
Adelina de Jesus Lopes
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