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sexta-feira, 13 de março de 2015

Até onde nos leva um cão chamado Simba





Até onde nos leva um cão chamado Simba









Há dias perguntaram-me: se não me preocupavam os acontecimentos do dia-a-dia, o inferno que é a vida…que como podia eu ter cabeça para escrever poesia?...
E como ninguém gosta de passar por desinformada, eu para não ficar mal abri a porta do inferno (sim porque normalmente mantenho-a fechada), a ver se encontrava uma resposta para dar, e para ver se continuava tudo igual…
Num lapso deu para avaliar o agravamento da paupérrima qualidade da programação das televisões públicas que oprimem o discernimento, estimulam a frustração, transportando os assíduos a mundos onde se diluem os valores e a civilidade, a falta da mais básica cultura, o incentivo à desumanidade, a notícia convencionada e concertada pelos poderes da mídia global…debates futebolísticos que ocupam todos os canais em simultâneo em horário nobre - tortura de animais chamada tourada - arenas (estádios de futebol) onde os adeptos se gladiam entre facções ou quando a sua equipa perde, a animalidade volta-se contra a sua própria equipa – Uma tal “Casa dos Segredos” que destitui o ser pensante da faísca evolutiva que nos fez chegar até aqui (mas que parece ter assistentes VIP e grande aceitação…). O meu povo, o meu amado povo está cego…
Da e à política não concedo palavras, a todo o espectro dos políticos actuais considero traidores à pátria, exterminadores de uma raça, a nossa. Política nunca poderá ser profissão, política é missão! Remédio apenas um, 100% de votos em branco em todas as eleições próximas. Do centro do furacão vão emergir mulheres e homens, que darão um passo à frente e saberão, por amor e missão, levantar Portugal.
E como moscas em poio saltam aos olhos… a condenação de um agente da lei porque fez o seu trabalho enquanto que o delinquente recebe indemnização – a benignidade das condenações ou ilibações de violadores e pedófilos – a dança das cadeiras de politico/delinquentes que por artes mágicas são ilibados ou nem sequer acusados e passado algum tempo ocupam de novo lugares públicos… Que é feito do honor e da coragem dos justos Juízes? Que é feito da inteligência dos legisladores? Que é feito da imparcialidade de quem aprova as leis? – O meu povo, o meu amado povo está cego…
Caem como tordos, esta expressão bem pode ser aplicada às mulheres que são vitimas de maridos, companheiros, namorados…além da culpa individual adensa-se a sombra da culpa maior, a ignorância, a falta de educação, a diluição de valores humanísticos, e estas são uma atribuição das regras sociais e educacionais que são da ingerência de governos mas também da responsabilidade civil dos meios de comunicação social…pois é…as telenovelas, as casas dos segredos e afins…será que alguém se dá ao trabalho de reparar nos exemplos que estes espectáculos passam às crianças, aos jovens, e ao estímulo das deformações morais dos adultos? Quantas famílias pensam nisto quando permitem que este invasor, a televisão, eduque as suas crianças, entretenha os seus jovens? O meu povo, o meu amado povo está cego…
Quente quente está a tragédia do “Simba”, lamentável actuação de um “ser humano”. Mas no meio das inúmeras vozes e campanhas que clamam justiça, devemos alargar a fenda da indignação…porque isto amigos é apenas o fumo do inferno que espirrou:
- Quantos psicopatas obtêm armas de forma legal sem qualquer dificuldade? Todas as pessoas que requisitam armas,  deviam ser sujeitas a testes psíquicos com regularidade
- Qual o grau duma civilização que permite legalmente e seja normal nas melhores famílias, a aceitação da Caça e que lhe chamem desporto? Matar é um desporto? Ir desanuviar, sentir prazer em chacinar animais é normal? Acredito que em circunstâncias apropriadas à desarmonia mental e de falta de respeito pela vida, qualquer pessoa armada e que mata por norma, dispararia sobre uma criança, homem ou mulher, tal como disparou sobre um cão chamado Simba. Mas também esta é uma situação que vai além da sentida morte deste animal, é um problema de consciência colectiva, social, e esta consciência começa sempre no comportamento individual.
O Inferno tem portas largas, seria um nunca mais acabar o analisar as labaredas doutras coordenadas geográficas, mas por hoje chega! Fechei a porta!
- Volto-me para o meu trabalho, em consciência
- Volto-me para todos que cruzam a minha vida, em colaboração e respeito
- Volto-me para mim mesma, em análise diária de como superar as minhas falhas
- Varro em frente da minha porta  
E com isto o meu tempo cresce para receber a poesia, e esta faz parte de tudo quanto olhamos, fazemos e acarinhamos, em amor, em consciência…


Maria Adelina de Jesus Lopes








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