Num sereno
passeio à beira-mar reparei numa âncora sem cor, quase escondida pela areia, desfasada
do seu habitat. Sentei-me a seu lado e fui ouvindo as suas glórias e venturas:
- Firmo
as naus nas tempestades, quando as ondas alterosas abalroam
Sou guia,
fio de vida, aos que vêm explorar as maravilhas do mar
Uma
âncora sustém e alivia, no tempo de faina refreamos o vento
Por
vezes, e no oceano esquecidas, somos o colo da jazida de coral
Outras
tantas, somos farol sem luz dos horizontes perdidos dos navegantes
Uma âncora
não prende, eleva-se e flutua, imprime destino aos ciclos do tempo
Âncora é minério,
pelo fogo transformado em abraço, fusão, mas sempre em libertação dos sedimentos em transmutação dos argonautas que se
regem pelo coração
Âncora somos todos e cada
um, que por entre a tormenta, laçamos estrelas, ancoramos o Céu
Maria Adelina
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